3 lições do filósofo Clóvis de Barros Filho sobre o cooperativismo
Reconhecido por traduzir conceitos complexos de filosofia e ética em uma linguagem simples e direta, o filósofo, escritor e professor Clóvis de Barros Filho viaja o Brasil com palestras em que mescla questões filosóficas e reflexões sobre a vida de forma bem-humorada. Em seu livro Xá-Ku-Nóis: sobre cooperação, confiança e mudança, escrito em parceria com o consultor de cooperativas Geraldo Trindade, Barros mostra como o cooperativismo pode ajudar a melhorar a vida das pessoas e comunidades por meio da ação conjunta, soma de esforços, mudança de atitudes, parceria e confiança.
“Quando podemos dizer que uma cooperativa é bem-sucedida? Quando ela se transforma em um espaço onde as pessoas se sentem mais potentes e alegres. As iniciativas cooperativistas têm esse papel de trazer felicidade às pessoas”, afirmou Barros em palestra para representantes de cooperativas durante o World Coop Management (WCM 2024), em outubro do ano passado.
De acordo com os autores, por ser um modelo de negócios baseado em princípios e valores, o cooperativismo não é apenas um sistema econômico de sucesso, mas também uma maneira eficaz de contribuir com o desenvolvimento da sociedade. Ele inspira mudança, ajuda a construir relações de confiança e fomenta a ajuda mútua.
“O livro foi pensado inicialmente para atender ao público cooperativista [cooperados, dirigentes e colaboradores], porém, depois de concluído, vimos que o conteúdo atende a qualquer pessoa que tenha interesse nos temas cooperação, confiança e mudança”, afirma Trindade. O cooperativismo precisa ser mais divulgado, visto e entendido como uma ferramenta para melhorar a vida das pessoas, para melhorar as comunidades, enfim, para melhorar o mundo”, acrescenta o co-autor.
Veja três lições apresentadas por Clóvis de Barros Filho e Geraldo Trindade sobre filosofia e cooperativismo e como cada conceito está relacionado aos princípios e valores do movimento.
1- Cooperação
“Quem coopera opera com mais alguém. Não cansaremos de repetir. Só faz sentido cooperar na certeza de que alguma outra pessoa também o faça.”
O cooperativismo é baseado na união das pessoas e valoriza o interesse coletivo, a participação democrática e a solidariedade, de forma que todos possam progredir e ter benefícios, sejam eles econômicos ou sociais. As cooperativas permitem que todos tenham oportunidades e contribuem com uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável.
Valores associados: democracia, solidariedade, ajuda mútua.
Princípios associados: intercooperação, gestão democrática.
2- Confiança:
“Eis a confiança, trata-se de uma certeza sem verificação. Certeza sobre as coisas do mundo, claro. Mas também sobre o comportamento das outras pessoas.”
No cooperativismo, o trabalho é movido por objetivos em comum e a atuação conjunta é fundamental para alcançá-los, com cada um fazendo a sua parte. O senso de pertencimento incentiva os cooperados a atuarem com propósito, sabendo que os demais também colaboram para alcançar os mesmos resultados. Além disso, a participação democrática nas decisões aumenta a confiança entre a cooperativa e seus associados.
Valores associados: honestidade, transparência e responsabilidade.
Princípios associados: educação, formação e informação.
3- Mudança:
“Cooperação é uma atividade que requer relação entre duas ou mais pessoas, com o propósito comum de agir sobre o mundo e transformá-lo. Para tanto, somam esforços, agregam competências, articulam funções específicas e tomam decisões em respeito a essa especificidade.
Fazer parte de uma cooperativa impulsiona ações e atitudes de mudança em seus cooperados que se refletem em benefícios que vão muito além do econômico, como iniciativas de sustentabilidade ambiental e ações de impacto social para as comunidades.
Valores associados: responsabilidade social, preservação ambiental e solidariedade.
Princípios associados: compromisso com a comunidade.