Onde o cooperativismo está
Seguros
As cooperativas seguradoras são consolidadas mundialmente. Em países como Estados Unidos, Canadá, Argentina e França elas se destacam, alcançando milhões de pessoas e impactando positivamente suas economias.
A nova legislação (Lei Complementar nº 213/2025) ampliou a participação das cooperativas no mercado segurador nacional. Antes autorizadas a operar somente com seguros agrícolas, de saúde e de acidentes do trabalho, elas poderão, após a regulamentação da Susep, atuar em qualquer ramo de seguros privados, exceto aqueles vedados por lei.
As cooperativas no mercado de seguros
As cooperativas de seguros são comuns no mundo. A Federação Internacional de Cooperativas e Seguros Mútuos (ICMIF), entidade representativa do setor, reúne mais de 200 organizações de quase 80 países. Juntas, elas somaram mais de US$ 228 bilhões em receitas de prêmios em 2023 e seguraram quase 320 milhões de pessoas. O Brasil, agora, entrará, fortemente, neste mapa.
No Brasil, a nova lei deve ampliar em até 15% o mercado brasileiro de seguros, com impactos em diversos ramos de seguros. Haverá um especial impacto na proteção automotiva. Atualmente, apenas 30% da frota nacional de veículos é segurada. Além disso, as cooperativas de seguros, assim como acontece com as de crédito, poderão ocupar regiões desassistidas pelas seguradoras tradicionais.
A lei possibilita que as cooperativas operem em todos os ramos de seguros privados, exceto capitalização aberta e repartição de capitais de cobertura. Um marco para o país e para o sistema cooperativo.

Contextualização
PLS 356/2012
O objeto principal do PLS 356/2012 é possibilitar a reunião de transportadores sob a forma de associação, com o objetivo de criar fundo próprio, com recursos destinados exclusivamente à prevenção e reparação de danos ocasionados aos seus veículos por furto, acidente, incêndio dentre outros, é legítimo que tal prerrogativa também seja expressamente prevista na legislação em relação as sociedades cooperativas.
PL 3.139/2015
De autoria do deputado Lucas Virgilio, o PLP foi embasado em processos administrativos sancionadores, originários de denúncias junto à SUSEP. O projeto de lei, originalmente, buscava criminalizar a atuação de associações e cooperativas no setor de seguros. Apos ampla discussão em comissão especial, o Projeto passou a tratar da legalização da atividade de maneira supervisionada, dando origem ao PLP 519/2018.
GT SUSEP/2017
Representantes do Sistema OCB participaram de grupo de trabalho criado pela SUSEP para discussão sobre produtos similares a seguros de vida e de acidentes pessoais comercializados por associações e cooperativas.
PLP 519/2018
O PLP 519/2018 foi fruto do trabalho de uma comissão especial da Câmara dos Deputados dedicada à estudar a legalização da atuação em seguros por cooperativas e associações. Com a sua aprovação na comissão, foi dado um passo importante para que o debate sobre o tema fosse priorizado também junto ao Governo Federal.
PLP 101/2023
Após quatro anos de discussão junto ao Ministério da Fazenda, o Governo Federal apresentou o PLP 101/2023, que foi apensado ao PLP 519/2018. Os projetos passaram a tramitar de maneira mais célere e foi instituída uma ampla mesa de debates, coordenada pelo relator da matéria, deputado Vinicius Carvalho (SP), que viabilizou a construção de um texto de consenso.
LC 213/2025
A sanção da Lei Complementar n.° 213/2025 representa um marco histórico para o cooperativismo brasileiro e para o setor de seguros no Brasil. Com a nova lei, as cooperativas de seguros passam a integrar formalmente o Sistema Nacional de Seguros Privados, abrindo novas possibilidades para sua atuação e fortalecendo o cooperativismo no país.
O setor de seguros no Brasil
Em 2024, o setor de seguros no Brasil cresceu 12,2% em comparação ao ano anterior, indicam os dados publicados pela Susep. A arrecadação do setor supervisionado em 2024 foi de R$ 435,56 bilhões. Desse valor, R$ 241,42 bilhões retornaram à sociedade por meio de indenizações, resgates, benefícios e sorteios - 6% a mais do que em 2023.
Para 2025, a expectativa segue otimista: a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) estima um crescimento de 10,1% do setor segurador. A entidade também estima que o setor segurador terá uma participação de 6,4% no PIB nacional até o final do ano.
135
Seguradoras atuantes
R$ 435,56
Os segmentos de pessoas e danos respondem por quase
90%
das receitas do setor
Em 2023, o setor segurador brasileiro empregava
185,3 mil
pessoas de forma direta
Como funcionam as cooperativas de seguros?

A segurança e a proteção são essenciais para indivíduos e empresas, e as cooperativas de seguros surgem como uma alternativa inovadora e eficiente dentro do mercado. Diferentemente das seguradoras tradicionais, cujo objetivo principal é a maximização dos lucros para acionistas, as cooperativas de seguros operam com base na mutualidade, onde os próprios segurados são donos da organização. Isso significa que os interesses dos cooperados estão no centro do modelo de negócios, resultando em produtos mais acessíveis, atendimento mais próximo e uma distribuição mais equilibrada dos benefícios.
As cooperativas de seguros podem atuar em diferentes ramos, oferecendo coberturas que atendem às necessidades específicas dos seus cooperados. Algumas das modalidades incluem: habitação, rural, automóveis, vida, prestamista, responsabilidade civil, dentre outras.
A tecnologia também terá um papel fundamental na operação das cooperativas seguradoras. Ferramentas de big data e inteligência artificial permitem a análise de perfis de risco, a otimização do atendimento e a prevenção de fraudes. Além disso, plataformas digitais facilitam a comunicação entre cooperados, permitindo desde a adesão a novos produtos até a solicitação de indenizações de forma rápida e segura.

Conclusão
As cooperativas de seguros representam uma alternativa inovadora, democrática e sustentável dentro do setor de seguros. Com um modelo que une eficiência técnica, gestão responsável e foco no bem-estar dos cooperados, essas organizações têm tudo para se consolidar como um dos pilares do cooperativismo no Brasil. O avanço da regulamentação e a crescente demanda por modelos de proteção e seguros mais acessíveis reforçam a importância desse segmento, tornando-o cada vez mais relevante nos cenários nacional e internacional.
Fique por dentro do cooperativismo de seguros
Acompanhe notícias, publicações e eventos que movimentam o setor e fique atualizado com os conteúdos mais relevantes do ramo.
Bora ser coop?
Como vimos, as cooperativas de seguros oferecem um serviço essencial para indivíduos e empresas e surgem como uma alternativa inovadora e eficiente dentro do mercado. Com uma gestão responsável e compromisso com o bem-estar dos seus cooperados, essas organizações têm grande potencial para se firmar como um dos alicerces do cooperativismo no Brasil.
