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Cooperativismo se aprende na escola: conheça o trabalho de coops educacionais

A professora paraense Alana Adinaele conheceu o cooperativismo bem cedo, ainda na infância, na Cooperativa dos Educadores Autônomos de Castanhal (CEAC), escola onde aprendeu as primeiras letras e palavras, na alfabetização. Anos depois, tornou-se professora, cooperada e hoje é diretora administrativa da instituição, que tem seis unidades e é referência na educação infantil e ensino fundamental no município, localizado na Região Metropolitana de Belém. 

“Foi uma experiência que moldou toda a minha trajetória. Eu já sabia que minha escola era diferente, que se preocupava com as pessoas, com o meio ambiente. Depois entendi que o fato de ela ser uma cooperativa tinha tudo a ver com o que ela representa para a comunidade, não só para os alunos e professores, mas para todo mundo em volta”, conta Alana. 

Com mais de 20 anos de atuação, a CEAC é uma das 213 cooperativas educacionais em funcionamento no país, que reúnem mais de 190 mil cooperados e geram cerca de cinco mil empregos diretos. Segundo dados do Sistema OCB, a maioria das escolas cooperativistas brasileiras são pequenas e médias, com até 500 matrículas. Em 2023, o segmento educacional cooperativista gerou R$802 milhões em receitas. Mas o principal resultado é outro: as coops educacionais têm ajudado a formar novos cooperativistas pelo Brasil. 

Nas escolas da CEAC, por exemplo, além da grade curricular tradicional, os estudantes têm aulas de cooperativismo e, por meio de atividades lúdicas, aprendem desde pequenos a valorizar a união, a solidariedade e a cultura de cooperação. 

“Esse é o principal diferencial de fazer parte de uma cooperativa educacional. Não é só a educação pela educação, mas como ferramenta para ajudar a formar pessoas mais conscientes, que se preocupam de fato com a sustentabilidade das pessoas e do planeta”, pondera Alana. 

O projeto pedagógico diferenciado da cooperativa paraense segue diretrizes do Cooperjovem, um programa nacional do Sistema OCB que estimula a inclusão do cooperativismo na grade de ensino regular de escolas públicas e privadas. 

A iniciativa promove a cultura da cooperação no ambiente escolar, incentivando o envolvimento de professores, estudantes, famílias e comunidade, com base em valores como voluntariado, autonomia e ajuda mútua.

O Cooperjovem é estruturado em quatro eixos temáticos: educação cooperativista, empreendedora, financeira e ambiental.

“O Cooperjovem tem como propósito formar protagonistas na construção de uma sociedade consciente, colaborativa e próspera. Entre as competências gerais que devem ser desenvolvidas ao longo da educação básica, a Base Nacional Comum Curricular [BNCC] destaca a empatia e a cooperação, que têm como objetivo formar sujeitos capazes de respeitar as diferenças, trabalhar em equipe, tomar decisões, realizar ações e projetos de forma cooperativa”, explica a gerente de Desenvolvimento de Cooperativas do Sistema OCB, Débora Ingrisano. 

Em 2019, uma pesquisa com professores, pais e alunos comprovou o impacto positivo do Cooperjovem para o aumento do nível de conhecimentos, habilidades e atitudes cooperativas. Ou seja, os estudantes que passam pelo programa desenvolvem competências colaborativas de forma mais significativa do que aqueles que não participam. 

Alana confirma essa transformação positiva na prática, e afirma que os resultados ultrapassam os muros da escola e beneficiam toda a comunidade local. “A gente vê os nossos alunos extremamente envolvidos em boas causas justamente por conta da cooperativa, vê nossos alunos consumindo produtos coop, alguns já querendo querendo constituir uma cooperativa. E isso é muito gratificante. Como professora de cooperativismo fico extremamente emocionada”, conta, orgulhosa a cooperativista, que também é  coordenadora geral do Comitê Nacional de Jovens do Sistema OCB, o Geração C

Minicidade cooperativista 

Na outra ponta do país, uma cooperativa educacional de Concórdia, em Santa Catarina, tornou-se referência nacional por um projeto inovador: uma minicidade cooperativista. Isso mesmo, a Cooperativa Educacional Magna - Colégio CEM  criou uma pequena comunidade com Prefeitura, Câmara de Vereadores, espaço cultural, biblioteca, centro de convenções, supermercado e cooperativas de crédito. A minicidade tem regras de trânsito e até eleição de prefeito.

Tudo pensado para que os estudantes e professores vivenciem experiências reais em que possam colocar em prática os princípios do cooperativismo. Na minicidade coop, os cerca de 500 estudantes do Colégio CEM são estimulados a aplicar valores como cidadania e cooperação em atividades que envolvem todas as disciplinas curriculares.

“Queremos que os nossos alunos desenvolvam valores e princípios que os levem a perceber e a efetivar mudanças de comportamento, de paradigma e a transformação de sua realidade política e social. Queremos incentivá-los a terem respeito com o outro e com a comunidade que está a sua volta”, explicou a presidente da cooperativa, Elizeth Pelegrini, em uma reportagem especial publicada pela Revista Saber Cooperar

Criado a partir da união de professores que formaram a cooperativa para evitar o fechamento da escola onde trabalhavam, o CEM já completou 26 anos formando novos cooperativistas e coleciona prêmios e reconhecimentos pela minicidade cooperativista e outros projetos pedagógicos. “Nós temos a oportunidade de vivenciar todos os dias o cooperativismo na nossa instituição. Os alunos podem colocar em prática o que aprendem em sala de aula e aplicar isso ao longo da vida”, acrescenta Elizeth.

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