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Por que o cooperativismo é ideal para a Geração Z?
A geração Z está tomando cada vez mais espaço na economia ao ocupar lugares no mercado de trabalho e por seus comportamentos de consumo. Em 2020, essa parcela da população já representava 40% dos consumidores globais, de acordo com estudos da McKinsey.
As cooperativas precisam estar atentas à geração Z para conseguir atrair novos talentos, rejuvenescer os quadros sociais e proporcionar produtos e serviços atrativos. A boa notícia é que as cooperativas e a geração Z têm muita coisa em comum.
Como o cooperativismo se adequa às tendências da Geração Z
A geração Z abraça todos aqueles nascidos entre 1995 e 2010. Essa parcela da população é marcada pela presença total no mundo digital e o acesso a informações novas a cada instante. Os jovens dessa geração são superestimulados e acreditam na realidade simultânea, em que se podem realizar diversas atividades ao mesmo tempo.
Além disso, essa geração possui alguns ideais muito definidos, como a diversidade, a inclusão, a priorização da qualidade de vida, o ativismo, o desejo de construir um mundo melhor e a cooperação. Nesse sentido, o cooperativismo pode se adequar totalmente às tendências dos jovens.
A busca pelo propósito
Um fator muito importante para a geração Z é encontrar propósito nas suas funções do dia a dia. De acordo com um estudo da Deloitte, 86% dos jovens acreditam que enxergar propósito no seu trabalho é muito importante para sua satisfação profissional e bem-estar.
Por isso, estar ligado a modelos de negócio como o cooperativismo - que é guiado por princípios e pensado para impactar positivamente a sociedade - consegue oferecer aos jovens os propósitos com os quais eles se identificam.
A importância do pertencimento
Outra característica da geração Z é a preocupação com o pertencimento. Os jovens buscam por oportunidades profissionais das quais tenham orgulho de pertencer e organizações em que se sintam motivados a participar ativamente dos projetos.
O cooperativismo também se encaixa na busca por pertencimento da geração Z. Tendo em vista o impacto direto das cooperativas na comunidade e sua gestão democrática, fica mais fácil para os jovens se identificarem e se sentirem pertencentes a esse modelo tão participativo.
Consumo consciente e sustentável
Uma grande preocupação da geração Z é o impacto ambiental. De acordo com o estudo da Deloitte, 25% dos jovens já cortaram relações com negócios cuja parte do modelo de produção não era sustentável.
Os cuidados com o meio ambiente são parte da preocupação das cooperativas. O modelo cooperativista se preocupa com o impacto na comunidade em geral, desde aspectos sociais até ambientais.
Impacto social e comunitário
Ainda de acordo com a pesquisa da Deloitte, 63% da geração Z compactua e acredita em negócios com o poder de promover igualdade social. Nesse quesito, as cooperativas se encaixam perfeitamente com o desejo por uma sociedade mais justa dos jovens.
Pensando que o sétimo princípio do cooperativismo é o interesse pela comunidade, as atitudes das cooperativas são totalmente pensadas no impacto social. Assim, a geração Z pode encontrar propósito na sua vida profissional e se identificar com os valores da organização.
Horizontalidade e gestão descentralizada
Em entrevista realizada durante o 15° CBC, o professor, palestrante e escritor Dado Schneider, falou sobre o novo modelo de gestão acatado pela geração Z. De acordo com Schneider, com o advento das redes sociais e, consequentemente, do fácil acesso à informação, a cadeia de comandos se tornou horizontal ao invés de vertical e centralizada.
Esse é outro motivo pelo qual a geração Z se encaixa tão bem com o cooperativismo. O segundo princípio do cooperativismo gira em torno da gestão democrática e, por isso, os jovens conseguem se adaptar bem a esse modelo.
Os desafios para trazer a Geração Z ao cooperativismo
Apesar de ideais similares, a taxa de adesão dos jovens ao cooperativismo ainda não é tão alta. Ainda existem alguns desafios que precisam ser superados visando uma maior participação da geração Z em cooperativas.
A comunicação com os jovens
Dado Schneider afirma que um grande problema do cooperativismo é não se comunicar propriamente com a geração Z. Segundo ele, muitas pessoas encaram esse grupo apenas como mais uma geração de jovens, mas se esquecem que essa parcela da população apresenta características únicas, nunca antes vistas.
Por isso, é necessário que as cooperativas adequem sua comunicação com a geração Z, visando tornar o modelo cooperativista atrativo aos jovens. Por meio de alguns truques de linguagem simples, é possível aproximar as cooperativas dessa parcela da população. Como já existe um alinhamento de princípios, basta essa mudança de diálogo para gerar identificação entre o cooperativismo e a geração Z.
Conhecer e entender seus valores
Para conseguir se comunicar com a geração Z é preciso entender seus valores e ideais. Muitos consideram essa nova parcela da população como os mais disruptores desde a época dos hippies e, por isso, eles têm seus princípios bem definidos e os levam muito a sério.
As gerações mais velhas precisam manter a mente aberta para se adaptarem a algumas peculiaridades dos mais jovens, como sua preocupação com o impacto ambiental e social das organizações.
É preciso, por exemplo, que as pessoas com mais experiência de mercado estejam dispostas a flexibilizar seu modo de pensar e produzir para abraçar os ideais dessa nova geração.
A nova cultura do trabalho
Um ponto divergente da geração Z em relação às outras gerações é a cultura de trabalho. Os jovens trocaram o lema de antigamente de “viver para trabalhar” por “trabalhar para viver”. Por isso, a nova geração valoriza muito um estilo de vida saudável e faz questão de priorizar suas atividades pessoais.
Além disso, a geração Z é extremamente preocupada com a manutenção da saúde mental, e evita atividades que possam atingi-la. Portanto, as cooperativas precisam adaptar e flexibilizar seu ambiente de trabalho para que ele se torne mais atrativo para os jovens. A adoção de benefícios focados no bem estar físico e mental e o modelo de trabalho híbrido são algumas das atitudes tomadas por organizações visando a retenção de talentos da geração Z.
Cooperativas apostam na juventude
Muitas cooperativas já perceberam o poder da geração Z e como pode ser benéfico contar com esses jovens na base de cooperados e clientes. Por isso, muitas delas adaptaram sua comunicação e criaram projetos específicos para atração dessa nova geração.
Núcleo Jovem Coplacana
A Coplacana fez um diagnóstico preocupante: a falta de engajamento dos jovens e a crescente idade de seus cooperados. Com um público predominantemente mais velho, a cooperativa viu a necessidade de atrair uma geração jovem.
A barreira geracional era evidente, com lideranças mais velhas dominando a cooperativa, o que levantava a necessidade de diversificar e integrar novas lideranças. O Núcleo Jovem Coplacana busca, portanto, aproximar as gerações mais novas, preparando-as para futuras posições nos conselhos administrativos e fiscais, criando uma sucessão eficaz e promovendo a perenização da cooperativa.
A cooperativa focou na faixa etária de 16 a 35 anos, compreendendo os indivíduos que estavam decidindo sobre suas carreiras e ainda podiam ser influenciados positivamente. A estratégia era garantir a continuidade da cooperativa ao envolver os jovens no agronegócio, tanto para assumir cargos internos quanto para se tornarem proprietários rurais. A abordagem não se limitava a agricultores, mas se estendia a diversas áreas, incluindo administração e direito.
Juventude Cooperativista e Coonectada da Cresol
A fim de estimular a sucessão familiar e a integração das novas gerações ao cooperativismo, o Sistema Cresol desenvolveu os projetos Juventude Cooperativista e Juventude Conectada. Boa parte do quadro social da Cresol está em uma faixa etária mais elevada. Com isso, a organização não se preocupa apenas com a sucessão que ocorre dentro dos empreendimentos familiares, mas também com a da cooperativa, a fim de que os sucessores também se tornem cooperados.
A principal iniciativa, atualmente, é por meio do projeto Juventude Conectada. Nela, jovens de todo o Brasil que sejam cooperados ou filhos de cooperados participam de uma jornada de aprendizagem on-line durante 14 semanas. Em 2023 o programa teve sua quarta edição.
Ao todo, 1.284 jovens já passaram pelo programa Juventude Conectada e a cooperativa avalia que os resultados obtidos até então são extremamente satisfatórios. O envolvimento dos jovens com a cooperativa também aumentou e agora eles fazem parte dos conselhos de administração e fiscal, assim como se tornam Embaixadores Cresol, um projeto que busca conectar cooperados e comunidade.
O cooperativismo é uma solução ideal para a geração Z, já que alinha os princípios de colaboração, inclusão e sustentabilidade com as expectativas e valores desses jovens. A geração Z valoriza negócios que promovam igualdade social, impactem a comunidade e possuam um modelo de trabalho mais democrático - valores presentes na lógica cooperativista.
Portanto, as cooperativas oferecem um ambiente em que a geração Z possa se desenvolver não apenas profissionalmente, mas também pessoalmente, além de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável.
Unindo a visão inovadora dos jovens com os propósitos cooperativistas, se torna viável a construção de uma sociedade cada vez mais justa e sustentável. O cooperativismo é não apenas uma alternativa viável, mas uma escolha estratégica que reflete profundamente as aspirações e o espírito dessa geração. É o match perfeito!