Featured

Storytelling: o poder das boas histórias para a comunicação

Assim como as pessoas, as marcas e os negócios são feitos de histórias. Histórias que emocionam, surpreendem e fazem o público se conectar com uma empresa, produto ou instituição. A partir dessa premissa, muitas organizações têm usado a técnica do storytelling em seus produtos de comunicação para humanizar a marca e fortalecer seus valores.

No cooperativismo, não faltam boas histórias para contar - seja do surgimento de uma cooperativa, de inovações criadas por elas a partir das crises, da trajetória de seus cooperados e colaboradores e, é claro, do impacto que uma coop gera na sua comunidade. O cooperativismo pode inspirar e emocionar: é matéria-prima rica para um bom storytelling, daquele tipo que fala o que o público quer ouvir.

Muito explorado pela indústria do entretenimento para capturar a atenção e engajar o público, esse conjunto de técnicas passou a ser absorvido nos últimos anos pelo mundo empresarial. 

“Esse interesse vem do desafio crescente em conseguir a atenção das pessoas, tanto dos consumidores quanto dos públicos internos de uma organização. Com cada vez mais conteúdos e telas disponíveis, as pessoas ficam dispersas. Por outro lado, quando uma história é realmente boa, nós prestamos atenção e nos envolvemos”, explica Bruno Scartazzoni, fundador da consultoria StoryTalks e pioneiro do storytelling corporativo no Brasil. Ele é o tradutor para o português do best-seller The Storyteller´s Secret, de Carmine Gallo, e com sua empresa oferece treinamento e consultoria para que marcas e pessoas se comuniquem melhor por meio do storytelling. 

Além de contar a história do negócio de forma linear e tradicional, o storyltelling pode passar a mesma mensagem que a organização precisa transmitir a partir de outros pontos de vista, seja do cliente, do parceiro, do cooperado ou da comunidade. 

Multiplataforma

O Sistema OCB também tem explorado o storytelling em seus produtos de comunicação em diferentes plataformas e formatos. Um dos lançamentos recentes foi o podcast PodCooperar, que retrata, por meio da narrativa em áudio, histórias reais de quem teve a vida transformada pelo cooperativismo. São oito episódios, cada um dedicado a um ramo, que trazem como protagonistas cooperados, empregados de coop ou pessoas comuns que foram beneficiadas pelo trabalho ou serviço oferecido por uma cooperativa. 

A catadora de reciclados Maria Eneide, o médico Garibaldi Júnior e a motorista de caminhão Flávia Reis são alguns dos protagonistas da série que, literalmente, traz a voz do movimento  para os ouvidos do público. O cooperativismo, apesar de ser o agente de transformação de todas as histórias, dá lugar para que as pessoas sejam as protagonistas da narrativa, com suas trajetórias, dores e vivências que emocionam e conectam a audiência. 

Bruno Scartazzoni lembra que bons storytellings também ajudam o público a modificarem suas próprias jornadas e enfrentarem as dificuldades do dia a dia. “Histórias são sempre sobre personagens se transformando para vencer obstáculos e alcançar objetivos. Nós nos identificamos com histórias porque criamos empatia por esses personagens, e também porque essa estrutura é um tipo de ‘resumo da vida’”, diz. 

Além dos produtos em formato podcast, outra ação de peso do Sistema OCB baseada no storytelling é a série Somos Coop na Estrada, que já está na sua terceira temporada. Apresentada pela jornalista Glenda Kozlowski, a websérie percorre os estados brasileiros para mostrar o cooperativismo na prática, com histórias de transformação de Norte a Sul do país.

A websérie já rodou mais de 24 mil quilômetros e visitou 21 cooperativas em mais de 360 horas de estrada para que o grande público conheça o poder de cooperar. Os últimos episódios, lançados em maio, percorrem caminhos que contam potentes histórias do nosso coop em Pernambuco, Sergipe, Paraíba, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Espírito Santo. 

“O consumidor contemporâneo tem valores sintonizados com os que uma cooperativa busca, como foco nas pessoas, na busca por sustentabilidade e na valorização das comunidades onde se insere. É fundamental que a nossa comunicação valorize esse diferencial e a nossa história para gerar identificação com esse público e aumentar a percepção de valor das nossas coops”, recomenda a gerente Comunicação e Marketing do Sistema OCB, Samara Araujo.

Para as coops que querem aplicar as técnicas do storytelling na sua comunicação, as possibilidades são múltiplas. Além do tradicional “Quem somos” do site institucional, essa narrativa pode estar presente em diferentes produtos e ações. 

“Isso pode ser aplicado em uma campanha publicitária, nas mídias sociais, no site, na vitrine de uma loja e até em uma simples apresentação de PowerPoint. As aplicações são infinitas”, aponta Bruno. 

A força da família

A força do cooperativismo brasileiro se traduz em números, mas também na riqueza da sua gente. Uma das gigantes do nosso coop está presente em mais de 700 municípios brasileiros, possui um mix com mais de 850 produtos e figura entre os três principais grupos industriais de proteína animal do Brasil. Mas a Aurora Coop, cooperativa central que reúne 14 coops do agro nos estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, optou por fortalecer na sua estratégia de comunicação aquilo que tem de mais valioso: as pessoas.

“Nosso direcionamento é valorizar e contar histórias das nossas mais de 100 mil famílias, no campo ou nas nossas unidades espalhadas pelo Brasil. São as pessoas que conectam no nosso dia a dia a imagem que queremos passar ao mercado, e de como conduzimos os negócios e quais são os nossos pontos de atenção”, destaca a gerente de Comunicação da Aurora Coop, Jaqueline Schimidt. 

Em 2020, a marca se reposicionou no mercado adicionando o nome “Coop” à marca central. Além disso,  passou a utilizar, em todos os produtos, o selo Somos Coop com a frase “100 mil famílias cuidando da sua”, em alusão aos cooperados e colaboradores que constroem o negócio, diariamente 

“A comunicação seja interna com os colaboradores ou institucional para o mercado, sempre usa personagens reais, carregados da nossa força, que sabem quem somos e falam com propriedade da nossa essência”, aponta Jaqueline.

Recentemente, a organização lançou a série especial documental “Um sistema feito por pessoas”, em comemoração ao aniversário de 54 anos. O conteúdo conta como são as etapas e processos de produção - do campo  à mesa -, mas narrados a partir das pessoas que os realizam e escrevem a história da marca. A série está disponível nas redes sociais da Aurora Coop.

Seja no agro ou em qualquer outro ramo, o cooperativismo tem todos os elementos que o storytelling prescinde para construir uma boa narrativa. “No cinema vemos vários exemplos de boas histórias nas quais um grupo de pessoas luta por um objetivo comum. Um exemplo seria o livro e filme campeão de bilheteria, O Senhor dos Anéis. Nesse sentido, não é muito diferente de contar a história de um grupo de pessoas que gerenciam um negócio de forma coletiva. Nesse tipo de história, objetivos individuais são obstáculos que precisam ser superados para um objetivo comum”, compara Bruno.

Veja também