Cooperativa vai fornecer malte para principais cervejarias do país
Os produtos coop estão em várias prateleiras dos supermercados: pães, leite, queijos, grãos, frutas, verduras e vinhos. Mas e a cerveja? Será que a bebida mais consumida no Brasil também tem a marca do cooperativismo? Tem sim! Desde junho de 2024, a matéria-prima cooperativista está presente na maioria das cervejas produzidas no país.
Isso porque seis cooperativas paranaenses se juntaram em um grande projeto de intercooperação para construir a Maltaria Campos Gerais, uma fábrica para o processamento de grãos de cevada em malte, um dos principais ingredientes da cerveja.
Com investimento de R$ 1,6 bilhão, o projeto conjunto das coops Agrária, Bom Jesus, Capal, Castrolanda, Coopagrícola e Frísia é a maior maltaria construída no mundo em uma única etapa. A planta industrial tem 80 mil metros quadrados e capacidade para produzir 240 mil toneladas de malte por ano, o que corresponde a 14% do mercado nacional.
O malte produzido pelas coops será o Pilsen, o mais consumido no Brasil. A produção vai atender a grandes cervejarias do país, incluindo Ambev e Heineken, dois dos principais players do mercado nacional. Além disso, a Maltaria Campos Gerais também irá fornecer matéria-prima para pequenos e médios cervejeiros e produtores artesanais. O complexo industrial foi inaugurado em junho e já está produzindo malte cooperativista.
Experiência coop
O projeto é coordenado pela Cooperativa Agrária, que tem 40 anos de experiência na produção de malte. No projeto inter-cooperativo, todas as decisões foram tomadas em consenso, da escolha do local da fábrica à definição sobre o compartilhamento de resultados.
“Os Campos Gerais paranaenses — região onde estão localizadas cinco das seis cooperativas que compõem o projeto — têm características climáticas propícias para o desenvolvimento da nossa matéria-prima, a cevada, além de áreas disponíveis para o cultivo”, explica o especialista de Gestão Estratégica da Cooperativa Agrária, Elizeu Batista e Luz. “Para completar, os produtores cooperados já conhecem o manejo da cultura, em função de parcerias de longa data entre as cooperativas para fomento dessa produção”.
A maltaria cooperativista está situada às margens da Rodovia PR-151, entre as cidades de Ponta Grossa e Carambeí. A localização garante que os cooperados tenham fácil acesso para encaminhar sua produção de cevada e também favorece a distribuição do malte produzido no local para o mercado cervejeiro.
A cevada processada na nova maltaria virá de 13 mil produtores cooperados das seis cooperativas. Nos últimos anos, as cooperativas envolvidas no projeto investiram em pesquisa para melhorar o cultivo da cevada e ampliar a área plantada entre os cooperados, com potencial para chegar a 100 mil hectares. Além do benefício direto para os produtores, a maltaria cooperativista irá movimentar a economia regional com a geração de trabalho e renda.
“Hoje, na maltaria, contamos com cerca de 120 postos de trabalho diretos e mais 3 mil indiretos em toda a cadeia produtiva da cevada nas cooperativas e na região em decorrência da implantação dessa planta”, afirma o representante da Cooperativa Agrária.
Ainda de acordo com Batista e Luz, as cooperativas envolvidas no projeto acreditam que o empreendimento terá um impacto importante na economia local, não apenas pelos empregos e renda criados direta e indiretamente, mas também pelo incremento de renda aos produtores rurais e suas famílias na região.
Em agosto do ano passado, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, visitou as obras da Maltaria Campos Gerais e destacou o papel do cooperativismo para o fortalecimento do agronegócio na região e no país. “Um projeto como esse mostra que o cooperativismo é o grande caminho para pequenos e médios produtores, e aqui no Paraná há exemplos de excelência dessa vocação cooperativista que podemos replicar pelo Brasil”, afirmou.
Compromisso com a sustentabilidade
O malte cooperativista será produzido de forma sustentável. Durante a construção da fábrica foram utilizadas técnicas de construção de menor impacto ambiental e 100% da energia para o industrial, tanto elétrica como térmica, virá de fontes renováveis.
“A planta foi concebida e estruturada utilizando o que há de mais moderno hoje em termos de indústria malteira, permitindo a utilização de mecanismos de indústria 4.0 e de manutenção 4.0, já que os equipamentos têm dispositivos e sensores de controle automatizados”, acrescenta Luz.