A COP30 terminou, mas o que aconteceu em Belém ainda está reverberando pelo país. E tem um motivo especial para isso: as cooperativas brasileiras mostraram ao mundo que é possível enfrentar a crise climática produzindo, preservando e cuidando das pessoas ao mesmo tempo.
Parece ambicioso? Talvez. Mas quem conhece o cooperativismo sabe que essa é a rotina diária de muita gente no campo, na cidade, na floresta, no transporte, na saúde, na reciclagem — em tantos lugares onde cooperar faz a diferença.
Durante duas semanas, o Pavilhão Coop, na Green Zone, virou um ponto de encontro de quem queria conhecer novas formas de viver e produzir de forma mais sustentável. Lá, milhares de visitantes puderam conversar com cooperados, experimentar produtos regionais, participar de oficinas e entender, de perto, como a cooperação transforma realidades. Teve desde degustação de chocolates amazônicos até demonstrações de energia renovável e agricultura que regenera a terra.
E o melhor: tudo isso sendo contado por quem faz. Gente que planta. Gente que recicla. Gente que cuida. Gente que transforma.
O mundo ouviu e prestou atenção
Na COP30, o cooperativismo esteve presente em todos os espaços: na Green Zone, na Agri Zone, na Blue Zone e até na Casa do Seguro. E isso não é detalhe. Significa que as cooperativas participaram de debates decisivos sobre como financiar a adaptação climática, como proteger comunidades de eventos extremos, como produzir com menos impacto e como recuperar áreas degradadas.
Um dos pontos mais comentados da conferência foi o reconhecimento de que a agricultura tropical - a que fazemos aqui - é parte fundamental da solução climática. E ninguém conhece essa agricultura como os produtores brasileiros, muitos deles organizados em cooperativas que já trabalham com práticas mais sustentáveis, como rotação de culturas, manejo responsável do solo, sistemas agroflorestais e recuperação de áreas.
Também houve avanços importantes em temas que afetam diretamente a vida das pessoas, como as novas diretrizes de transição justa, que tratam de garantir que mudanças econômicas e ambientais não deixem ninguém para trás, e o fortalecimento de políticas de adaptação, fundamentais para proteger comunidades vulneráveis às enchentes, secas, queimadas e outros eventos extremos.
Um legado que fica
A COP30 também marcou o encerramento do Ano Internacional das Cooperativas, com uma celebração emocionante no Pavilhão Coop. Foi um momento simbólico, que reuniu lideranças do Brasil e de outros países, e reforçou o que muitos já sabem na prática: quando as pessoas se unem, soluções aparecem.
E esse, talvez, seja o maior legado que Belém deixa.
Não se trata apenas de acordos, documentos ou metas globais. Trata-se de reconhecer que a mudança começa no território, nas comunidades, nas pessoas que acordam cedo para fazer a economia girar — e que fazem isso de forma coletiva, justa e sustentável.
Como disse Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB, órgão de representação máxima do cooperativismo no Brasil: “O cooperativismo mostra que é possível crescer sem deixar ninguém para trás. Que é possível produzir respeitando a natureza. Que é possível ter desenvolvimento com propósito. E isso é exatamente o que o mundo precisa agora.”
O futuro que a gente constrói junto
Os próximos anos prometem desafios e oportunidades. Novos financiamentos internacionais devem ajudar a impulsionar projetos de energia limpa, agricultura de baixo carbono, conservação, bioeconomia amazônica e inovação social. E as cooperativas, que já fazem tudo isso cotidianamente, ganham agora ainda mais espaço para crescer e inspirar o país.
Se a COP30 deixou um recado, ele é claro: cooperação é caminho e o Brasil já sabe trilhar esse caminho como poucos.