ONU reconhece importância do cooperativismo

Entidade declarou 2025 como Ano Internacional das Cooperativas

O cooperativismo brasileiro vem crescendo ano a ano, tanto que já soma mais de 20,5 milhões de cooperados e gera mais de 524 mil empregos diretos, segundo dados do Anuário do Cooperativismo 2023. No mundo, são mais de três milhões de cooperativas e 1,2 bilhão de cooperados. Para fortalecer e apoiar ainda mais o crescimento do movimento, a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou a resolução Cooperativas no Desenvolvimento Social, que é uma importante declaração reconhecendo o papel vital das cooperativas no progresso das comunidades ao redor do mundo. 

A decisão definiu o ano de 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas, com a intenção de reforçar a relevância dessas organizações em impulsionar o desenvolvimento econômico, social e sustentável, especialmente em grupos vulneráveis como mulheres, pessoas com deficiência e povos indígenas. 

  Essa resolução não é apenas uma formalidade. Ela ressalta a capacidade transformadora das cooperativas na promoção da justiça social e na redução da desigualdade. O texto busca incentivar os estados membros, as Nações Unidas e todas as partes interessadas, a aproveitarem o ano de 2025 para promover as cooperativas e fomentar o modelo de negócios como a melhor alternativa para um futuro mais inclusivo, justo e equilibrado.  

Por isso, durante esse período, as cooperativas devem receber maior visibilidade e apoio. A ONU incentivará 195 países membros a adotarem medidas de fortalecimento e promoção das cooperativas em suas realidades locais. Para isso, serão promovidas ações de cooperação técnica e transferência de conhecimento dos representantes das organizações.  

O texto da declaração destaca ainda a importância de os governos seguirem as recomendações apresentadas no relatório de 2023 do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre o papel das cooperativas no desenvolvimento social. A ideia é fortalecer o ecossistema empreendedor delas, permitindo a criação de empregos, erradicação da pobreza e da fome, educação, proteção social, inclusão financeira e criação de opções de moradia a preços mais acessíveis.   

Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB, órgão de representação máxima do cooperativismo no Brasil, considera que a decisão mostra a força do modelo de negócios e sua importância cada vez maior para a garantia do trabalho e renda. “O mundo mudou e os propósitos do cooperativismo, que se concentram no bem-estar das pessoas e na busca por um mundo mais sustentável, são exemplos que merecem ser reconhecidos e adotados de forma mais efetiva,” afirma. 

Vale ressaltar que esta não é a primeira vez que a ONU dedica um ano para as cooperativas. Em 2012, eles fizeram o mesmo e isso ajudou as cooperativas a crescerem ainda mais. O tema escolhido foi As cooperativas fazem um mundo melhor, e mostrou que o movimento foi responsável pela criação de 100 milhões de vagas de emprego em todo o mundo, logo após a crise financeira global em 2008.  

A Aliança Cooperativa Internacional (ACI), órgão que representa as cooperativas no mundo todo, também celebra a adoção da resolução e incentiva todas as partes interessadas na promoção e avanço das cooperativas a implementá-las. “O Brasil, com sua diversidade econômica e social, apresenta um terreno fértil para o desenvolvimento e crescimento do movimento cooperativista, refletindo não apenas na economia, mas também na inclusão social e no desenvolvimento sustentável das comunidades”, ressalta Ariel Guarco, presidente da entidade. 

Ariel Guarco explica ainda que as cooperativas brasileiras respondem às necessidades locais e contribuem para a economia do país de maneira robusta e sustentável. “O cooperativismo no Brasil é um modelo de sucesso que demonstra como a colaboração e a união de esforços podem gerar resultados significativos, promovendo a geração de renda, a distribuição de riquezas de forma mais equitativa e o fortalecimento das relações comunitárias,” disse.  

 

#CoopsDay escolhe futuro sustentável como tema de 2024

O Dia Internacional do Cooperativismo 2024 (#CoopsDay) vai trazer um tema inspirador: Cooperativas constroem um futuro melhor para todos. Essa escolha reafirma o papel das cooperativas na construção de um amanhã mais sustentável, com destaque para o compromisso em alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. Também está alinhado com os objetivos da próxima Cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o futuro, que busca soluções colaborativas para um mundo melhor. O #CoopsDay será celebrado em 6 de julho, como acontece anualmente, no primeiro sábado do mês. 

Ao adotar práticas de desenvolvimento inclusivo e sustentável, as cooperativas se tornam agentes ativos na preservação do meio ambiente e aliadas na luta contra as mudanças climáticas. Por meio de uma governança democrática, elas promovem a integração de pessoas de diferentes origens, promovendo a compreensão e o respeito mútuo. 

O relatório do Secretário-Geral da ONU de 2023 sobre Cooperativas no Desenvolvimento Social reconheceu o histórico das cooperativas na promoção do desenvolvimento econômico e social, inclusive para grupos marginalizados. Segundo o documento, elas demonstram resiliência em tempos de crises sociais e econômicas, sendo vistas como parceiras fundamentais na promoção do desenvolvimento sustentável. 

A celebração do #CoopsDay 2024 também marca o 30º Dia Internacional das Cooperativas reconhecido pelas Nações Unidas e o 102º Dia Internacional Cooperativo. Nessa data, formuladores de políticas públicas, organizações da sociedade civil e o público em geral podem compreender melhor a contribuição das cooperativas para um futuro mais justo e sustentável para todos. 

O cooperativismo brasileiro se mantém engajado em valores como o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar, os princípios ESG (ambientais, sociais e de governança), a inclusão financeira e a construção de um futuro melhor para todos. As celebrações do #CoopsDay e do Ano Internacional das Cooperativas em 2025, proclamado pela ONU, reforçam o compromisso das cooperativas brasileiras com o bem-estar da sociedade e do planeta. 

Com foco nos negócios, programas ajudam cooperativas a conquistar mercados

Pesquisa recente realizada pelo Sistema OCB mostra que as cooperativas são cada vez mais conhecidas pelos brasileiros e que 88% consideram o coop um modelo de negócio atual, inovador ou moderno. Para transformar essa admiração e reconhecimento em resultados, a Casa do Cooperativismo Brasileiro aposta em estratégias de negócios para aumentar o faturamento das cooperativas de forma organizada e sustentável e fazer com elas cheguem a cada vez mais cooperados e consumidores. 

Com esse foco, desde o ano passado, o Sistema OCB tem uma área exclusiva de negócios, que trabalha de forma articulada com as organizações estaduais para apoiar as coops de todo o país a prospectar e fechar bons negócios. 

“O Sistema OCB trabalha há mais de cinco décadas para oferecer soluções que visam a sustentabilidade dos negócios das cooperativas brasileiras e, nos últimos anos, principalmente após os efeitos do impacto econômico pós-pandemia, temos percebido a necessidade de atuar cada vez mais próximos das nossas cooperativas nesse sentido”, explica a  coordenadora de Soluções de Negócios do Sistema OCB, Pamella de Lima. 

A nova estrutura reúne as iniciativas de desenvolvimento mercadológico de cooperativas que já existiam e é responsável pela elaboração de novas soluções de negócios. O objetivo do novo time é claro:  ajudar as cooperativas brasileiras a acessar oportunidades de novos mercados e clientes para vender mais e melhor, de maneira sustentável.

Uma das ferramentas para essa missão é o Programa NegóciosCoop Nacional, criado para apoiar  pequenos e médios empreendimentos cooperativos, com soluções direcionadas de acordo com o tamanho e perfil das coops. Em 2023, a iniciativa começou a ser implementada de forma piloto com cooperativas agropecuárias de pequeno porte (especialmente da agricultura familiar e extrativistas) e de artesanato da Região Norte. 

O programa começa com um diagnóstico presencial aplicado com o apoio de analistas do Sistema OCB e de uma consultoria técnica contratada, em que os cooperados realizam uma análise completa da situação do empreendimento em cinco aspectos:  organização social, produção, gestão, agregação de valor e verticalização de cadeia e mercado. A partir dos resultados dessa avaliação, é traçado um plano de ação que indica consultorias, instrutorias e eventos de acesso a mercados focados em promover novos negócios e conexões profissionais. 

“Todo o processo é acompanhado por técnicos das organizações estaduais do Sistema OCB, a fim de que a cooperativa tenha apoio do início ao fim do programa. O objetivo final é que a partir de um posicionamento organizado a cooperativa acesse novas oportunidades de negócio e consequentemente aumente o seu faturamento”, explica Pamella Lima. 

Até abril deste ano, o Programa NegóciosCoop atendeu 41 cooperativas pelo Brasil, inclusive algumas em plena Amazônia, acessíveis apenas por barco, em um total de 1.718 horas de consultorias realizadas. 

“Os resultados têm sido significativos,  temos observado ganhos como a compreensão e sentimento de dono do negócio pelos cooperados, conquista de novos clientes institucionais e privados, captação de recursos, entrada de novos cooperados, aumento de faturamento e entendimento claro do cooperativismo como um modelo de negócio”, lista a coordenadora. 

Este ano, o Programa NegóciosCoop entrou na fase de escala e chegará a cooperativas de todos os estados do país. As equipes das organizações estaduais que irão atuar no programa já começaram a receber treinamento imersivo e terão suporte constante do time nacional do projeto. Além disso, as cooperativas de reciclagem serão as próximas a receber uma versão customizada do programa. 

Primeira nota fiscal 

Uma das participantes da fase piloto do Programa NegóciosCoop foi a Cooperativa de Agricultura Familiar de Serra Pelada (Cooasp), de Curionópolis, no sudeste do Pará. Após o programa, a cooperativa emitiu sua primeira nota fiscal e se prepara para comercializar parte de sua produção para a merenda escolar do município. 

A Cooasp produz alface, coentro, cebolinha, couve e outras hortaliças há seis anos, mas vendia sua produção de maneira informal. A mudança de rota veio com a participação do Programa NegóciosCoop, segundo o diretor presidente da cooperativa, Ramon Marques. 

“Três meses após o programa, já fizemos a primeira emissão de nota fiscal, assinamos contrato com uma grande empresa que fornece alimentos para refeitórios, nos estabelecemos no mercado local e estamos expandindo para o mercado regional”, conta. 

Além do resultado imediato, Marques diz que a Cooasp ganhou autonomia e fortaleceu sua identidade cooperativista, se apresentando para os consumidores como uma opção social e economicamente viável para gerar emprego e renda com a agricultura familiar em um município conhecido pela exploração garimpeira. 

Parte da produção da Cooasp agora irá direto para a merenda escolar das escolas da região, depois que  a Coop venceu a chamada pública do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), uma iniciativa federal que destina recursos para alimentação escolar nos estados e municípios brasileiros. Segundo Marques, a cooperativa também se prepara para fornecer suas hortaliças para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que compra produtos da agricultura familiar.

Para atender à demanda, a Cooasp teve que triplicar a produção nas lavouras e, até o fim do ano, planeja saltar de 20 mil para 200 mil hortaliças por mês. “Em junho também vamos inaugurar uma agroindústria de polpa de frutas e fabricação de doces e geleias artesanais. Nossa meta até 2030 é ser a maior cooperativa de agricultura familiar da região Carajás  e uma das cinco maiores do estado do Pará”, planeja o presidente da Cooasp. 

Novos mercados para o coop brasileiro

Além do Programa NegóciosCoop Nacional, o Sistema OCB tem estratégias de negócios para cooperativas de outros ramos e tamanhos, seja no mercado brasileiro ou internacional. 

“Temos iniciativas para apoiar a inserção em mercados, ampliar e diversificar as vendas dos produtos por meio de participação em feiras, rodadas de negócios e missões internacionais”, lista Pamella Lima.

Em 2023, o Sistema OCB apoiou a participação de 20 cooperativas de artesanato e agricultura familiar em duas importantes feiras do país: a 5ª Feira Nacional de Artesanato e Cultura (Fenacce), em Fortaleza; e a 30ª Agrinordeste, em Olinda.

As coops expuseram seus produtos em um estande institucional do Sistema OCB, chamado de Loja Cooperativa, uma estratégia para atrair a atenção do público para os produtos do cooperativismo. Na 5ª Fenacce, as vendas na Loja Cooperativa totalizaram R$61 mil e as coops assinaram 40 contatos nacionais e 24 internacionais, com previsão de vendas de R$130 mil. 

Em 2024, pelo menos 40 cooperativas brasileiras irão participar de quatro feiras de negócios de grande relevância no cenário nacional. O Sistema OCB participará dos eventos com um estande chamado "Cooperativas do Brasil", em que as coops poderão conquistar novos clientes e ampliar sua rede de contatos.

Outra solução de negócios tem aproximado as cooperativas do maior comprador do Brasil: o Poder Público. De forma online e gratuita, o serviço Cooperativas nas Compras Públicas monitora as oportunidades de compras governamentais, sejam municipais, estaduais ou federais, e alerta as cooperativas cadastradas de forma personalizada sobre editais e licitações lançados pelo governo. Em 2023, a plataforma registrou 235 cooperativas cadastradas e monitorou mais de 35 mil editais  de interesse das coops. 

Em outra frente de negócios, o Sistema OCB aposta na intercooperação para gerar mais resultados. É o Coop Compra de Coop, uma iniciativa realizada durante a Semana de Competitividade de 2023 que ajudou 13 coops dos ramos Agropecuário, Transporte, Trabalho e Produção de Bens e Serviços a fecharem negócios com cooperativas de todo o país durante o evento.

As cooperativas vendedoras receberam o apoio do Sistema OCB para gravar pequenos vídeos sobre seus produtos, que foram transmitidos no fim de cada palestra. Uma área do evento também foi reservada para que as coops pudessem receber clientes, negociar vendas e prospectar contratos futuros. 

No mercado internacional, o foco da área de negócios é abrir fronteiras para que os produtos coop brasileiros ganhem mercado mundo afora. Esse trabalho é feito em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), por meio do Programa de Qualificação para Exportação do Cooperativismo (PEIEX Coop), que tem foco na sensibilização e capacitação individualizada de cooperativas para aumentar sua competitividade exportadora. 

Além da promoção das exportações, outra porta de entrada para os produtos coop no exterior é a participação em feiras, rodadas de negócios ou missões internacionais. “As missões possibilitam o fortalecimento de laços e parcerias estratégicas que ajudam as cooperativas a ingressarem nesses mercados. Por sua vez, as feiras internacionais funcionam como vitrines para que as cooperativas apresentem seus produtos em escala global, criando oportunidades de contato e negócios”, explica a coordenadora. 

SomosCoop lança campanha: O cooperativismo é um bom negócio

Todo ano, o Sistema OCB cria uma campanha para o movimento SomosCoop, que destaca a importância do cooperativismo no Brasil. Este ano, a partir dos resultados da última Pesquisa de Imagem, o tema escolhido reforça a mensagem de que o modelo de negócios cooperativista é uma boa escolha. A campanha  será lançada nesta quarta-feira (24). 

Embora o cooperativismo seja reconhecido pela sociedade, nem sempre é visto como uma oportunidade de negócio. Por isso, o objetivo é apresentar o movimento como uma solução viável, que traz impactos positivos nas vidas dos brasileiros e em suas comunidades. O mote deste ano busca engajamento do público em torno da ideia central: O cooperativismo é um bom negócio. Bora cooperar? 

A expressão bom negócio, na mensagem central, destaca as vantagens, a viabilidade desse modelo de negócio e os benefícios que o cooperativismo oferece à sociedade como um todo. A ideia é mostrar os benefícios econômicos e simplificar o entendimento sobre o cooperativismo para todos os públicos, com abordagem dos sete ramos: agro, consumo, crédito, infraestrutura, saúde, transporte e trabalho, produção de bens e serviços.

Samara Araujo, gerente de Marketing e Comunicação do Sistema OCB, destaca que a campanha vai além de evidenciar os benefícios do cooperativismo. Para ela, o cooperativismo é uma ferramenta poderosa para impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país. "Queremos apresentar para um número cada vez maior de pessoas que o cooperativismo é uma opção de negócio vantajosa e, sem dúvida, uma escolha inteligente para todos. O coop é um negócio ganha-ganha”.

A divulgação da campanha passa por produção de vídeos, publicações nas redes sociais, ações com influenciadores e divulgação por meio de spots para rádios.  Dessa forma, a campanha não apenas informa, mas também engaja e inspira pessoas para se envolverem com o cooperativismo, entenderem sua importância e seus benefícios para a sociedade.

Na quinta-feira (25), haverá uma ação coordenada com as cooperativas. Não perca a oportunidade de acompanhar a campanha em todas as redes sociais do SomosCoop:

- Instagram

- Facebook

- //www.tiktok.com/@somoscoop" style="text-decoration: none;">TikTok

- YouTube

 

 

Cooperativas são campeãs em exportações: descubra em quais setores

Do Brasil para várias partes do mundo. Os produtos das cooperativas brasileiras estão atravessando fronteiras e marcando presença em diferentes continentes. Ásia, Europa e América do Norte aparecem entre os principais mercados consumidores dos produtos coop. E as cooperativas agro é que dominam a pauta exportadora do cooperativismo.

A qualidade da marca coop está chegando em lugares como China, Alemanha, Estados Unidos, Países Baixos e Japão. Para mostrar a representatividade das exportações das cooperativas, fizemos um recorte das vendas registradas por coops que contam com o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), 207 no total.

Acordo de Cooperação – Esta assessoria faz parte de um acordo de cooperação entre o Sistema OCB e a ApexBrasil para promover os produtos do cooperativismo brasileiro internacionalmente. Uma parceria firmada em 2020 e renovada em 2023. A realização de rodadas de negócios também faz parte deste trabalho, e já tem uma nova edição marcada para maio, oportunidades interessantes de negociação entre coops e potenciais compradores. (veja mais no tópico PEIEX Coop)

“Cada vez mais, as cooperativas ganham eficiência no processo de produção com qualificação e investimento em inovação e práticas sustentáveis. Estes são, com certeza, fatores importantes, que têm contribuído para que os produtos cooperativistas cheguem a novos países. E o trabalho feito com a ApexBrasil nos ajuda na missão de abrir novos caminhos para o cooperativismo no mercado exterior”, comenta o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.  

Exportações das cooperativas em 2023

Só no último ano, esse grupo de cooperativas contabilizou US$ 8,4 bilhões em exportações diretas, sem contar os valores registrados via comerciais exportadoras. São produtos vendidos in natura e, também, com maior valor agregado. Em segmentos específicos, por exemplo, as coops também tiveram uma participação significativa no total exportado pelo Brasil.

Nas vendas de leite condensado, o setor cooperativista respondeu por 71% das vendas nacionais. Os números fazem parte da atualização do Anuário do Cooperativismo Brasileiro (Anuário Coop), cuja nova edição deve ser divulgada ainda no primeiro semestre. 

2022 – Já em 2022, as negociações somaram US$ 7,3 bilhões, segundo dados do Anuário Coop 2023. Deste total, China, Alemanha, Estados Unidos, Países Baixos e Japão, os quatro países citados logo no início do texto, responderam por quase metade das negociações – US$ 3,5 bilhões.

 

 

Principais destinos dos produtos com a marca coop

*China – US$ 1,6 bilhão

*Alemanha – US$ 576,9 milhões

*Estados Unidos – US$ 563,8 milhões

*Países Baixos – US$ 426,9 milhões

*Japão – US$ 401,3 milhões

 

Sabia que essas mesmas coops foram responsáveis por 2,2 % de tudo que foi vendido pelo Brasil ao exterior em 2022? Naquele ano, as exportações do país chegaram a US$ 335 bilhões, segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. E quando olhamos para os embarques do agronegócio brasileiro, a participação cooperativista é ainda maior. Em 2022, 6,8% das vendas do país contabilizaram US$ 75,1 bilhões e foram feitas por cooperativas.

Produtos em destaque nas vendas ao exterior 
Agora vamos falar dos produtos que responderam pela maior parte da pauta de exportação das cooperativas no mesmo período. O segmento de proteína animal é o que rendeu maior retorno financeiro às coops, totalizando US$ 3,6 milhões, valor dividido entre as exportações de carnes de aves e carne suína. Na sequência, aparece o café não torrado, seguido por dois produtos derivados da soja – óleo de soja e soja triturada.

 

 Top 5 produtos exportados pelas cooperativas (milhões US$)

*Carnes de aves – US$ 2.262

*Café não torrado – US$ 1.656

*Carne suína – US$ 841

*Óleo de soja – US$ 755
*Soja triturada – US$ 577   

 

E nas exportações brasileiras – O assunto ainda é produto, mas agora olhando para a participação das cooperativas nas exportações do Brasil. Reunimos os produtos com maior contribuição coop nos embarques nacionais para outros países. Diferentes tipos de cortes de carne suína aparecem entre os destaques. Suco de uva e carnes de aves também estão na pauta com percentuais interessantes.

 

 Participação de destaque do cooperativismo (milhões US$)

*Toucinho suíno – 86,2%

*Suco de uva – 63,3%

*Miúdos de suínos – 51,3%

*Pedaços de suínos – 43,7%

*Conservas de aves – 34,2%     

 

Estados com maior percentual de cooperativas exportadoras 
E onde estão as cooperativas que mais exportam no país? Nessa amostra com 207 coops que estão levando seus produtos para outros lugares no mundo, cerca de 64% delas estão concentradas no eixo Sul – Sudeste do país. Nesta ordem, os estados que mais se destacam são: Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina. Juntos, eles contabilizam US$ 6,5 bilhões do total exportado pelas coops.

E olha só que interessante: segundo o Anuário Coop 2023, os municípios que contavam com a presença de cooperativas apresentavam um acréscimo médio de US$ 344 por habitante nas exportações. 

 

 UFs que lideram as exportações do coop

*Paraná – US$ 3,3 bilhões (44,8%)

*Minas Gerais – US$ 1,8 bilhão (20,8%)

*Santa Catarina – US$ 1,4 bilhão (18,9%) 

 

Qualificação das cooperativas para exportação
Uma das missões do Sistema OCB é apoiar as cooperativas na conquista de novos mercados, tanto dentro do Brasil quanto em outros países. Uma das maneiras de fazer isso acontecer é pelo relacionamento institucional e pela atuação conjunta com organizações públicas e privadas, no cenário nacional e internacional.

Nesse sentido, destacamos a parceria estratégica do Sistema OCB com a ApexBrasil, que ganhou ainda mais força em 2020, com a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica. O termo foi renovado em 2023 para uma segunda edição, com vigência até 2025. Em destaque neste novo período: o fomento a iniciativas que promovam a igualdade de gênero ou que tenham foco em produtos da biodiversidade amazônica e do Cerrado

E no escopo do acordo, está o PEIEX Coop – Programa de Qualificação para Exportação com foco no cooperativismo, uma metodologia desenvolvida pela agência, que passou a fazer parte das ações com as cooperativas em 2021.

Objetivo – A ideia é preparar as coops para a prospecção de negócios no mercado internacional. E os resultados mostram que investir em conhecimento, gestão e planejamento aumenta e muito a competitividade das cooperativas. Somando a esse processo de capacitação, participações em missões e feiras internacionais, com a oportunidade de realização de rodadas de negócios, abrem novas portas para os produtos coop em outros países.

Como funciona o PEIEX Coop?
A cada ciclo, é ofertado um número de vagas para qualificação das cooperativas, que podem procurar as organizações estaduais do Sistema OCB e manifestar o interesse em participar do programa. As ações de capacitação têm uma duração média de 4 meses.  Mais de 50 cooperativas já foram beneficiadas diretamente pelo PEIEX Coop. Destas, 14 já concluíram o programa e 37 estão avançando em seus planejamentos e devem finalizar seus planos de exportação até agosto deste ano. 

A proposta, segundo a coordenadora de negócios do Sistema OCB, Pamella Lima, é estimular as cooperativas a iniciarem o processo de exportação, preferencialmente de forma direta. “A ideia é que elas estejam preparadas para exportar sem precisar da  intermediação de traders,  o que as coloca em uma posição mais vantajosa para obter lucros. O programa desenvolve conhecimentos internos nas cooperativas, capacitando-as a atuar de forma autônoma no comércio internacional”, destaca.

>> Com isso, as cooperativas não apenas aumentam sua capacidade exportadora, mas também aprimoram seus aspectos gerenciais internos, tornando-se mais competitivas no mercado nacional e aptas para o mercado internacional. 

*Atendimento personalizado – As cooperativas selecionadas recebem uma consultoria online individualizada, realmente personalizada, com a orientação de especialistas em comércio exterior. Esses profissionais acompanham as coops em todas as etapas do processo de exportação. A ideia é, por meio de entrevistas e diagnósticos, avaliar desafios e oportunidades, considerando os produtos de cada cooperativa e os mercados em potencial.

*Planejamento estratégico – Feito isso, é hora de pensar em estratégias e ações operacionais, com tempo para realização de cada um delas e metas a serem atingidas. Passos importantes para começar, de fato, a exportar. Antes do plano de exportação, é iniciado um plano de trabalho, que inclui um diagnóstico com 28 tópicos de capacitação, momento em que a cooperativa seleciona um produto para exportação e define um mercado (exemplo: Alemanha).

*Promoção Internacional – Depois de tudo pronto, é hora de fazer contatos estratégicos com potenciais parceiros comerciais. Isso acontece na fase de promoção internacional. Pensando em expandir sua atuação para novos mercados, as cooperativas terão a oportunidade de participar de eventos internacionais, como feiras e missões, além de rodadas de negócios. E para apresentarem seus produtos e diferenciais, é importante que as coops tenham materiais de divulgação atualizados para diferentes idiomas, como inglês, espanhol e português.

Reserva de vagas – Para participar dessas iniciativas, as cooperativas também contam com o apoio da ApexBrasil, a partir da parceria com o Sistema OCB. "São reservadas vagas para as coops que têm interesse em se capacitar para compreender o processo de exportação, 11% do total disponibilizado pela agência em suas ações de promoção comercial.

Rodada de negócios – A partir do Acordo de Cooperação firmado entre o Sistema OCB e a ApexBrasil, as cooperativas brasileiras também têm a oportunidade de participar de negociações com representantes comerciais de vários lugares do mundo. Desde 2020, já foram realizadas duas edições, no formato online, totalizando US$ 3,9 milhões em negociações. E já tem uma nova rodada agendada para os dias 16 e 17 de maio, desta vez presencial, na sede da agência, em Brasília (DF). Serão 30 coops e 10 compradores internacionais interessados na comercialização de alimentos e bebidas. Trata-se do Exporta Mais Brasil Cooperativas.  

Rumo a Portugal
E o que pensam as cooperativas sobre o PEIEX Coop e seus resultados? Nós conversamos com o presidente do Conselho de Administração da Cooperativa dos Produtores de Orgânicos do Vale do Jaguaribe (Optar Orgânicos), José Arcino. Falamos sobre a participação da coop cearense no programa e as perspectivas para um futuro próximo. Depois de passar por todas as etapas de qualificação, contando com o apoio da ApexBrasil e do Sistema OCB, a Optar Orgânicos fechou um plano estratégico de exportação priorizando inicialmente a acerola, com destino ao mercado europeu, em especial Portugal.

Agora, a cooperativa está em busca de linhas de fomento para investir em uma unidade de beneficiamento. “Nosso objetivo é agregar valor à produção. Podemos trabalhar, por exemplo, com suco ou concentrado de acerola. Isso aumenta a nossa pauta para exportação. A ideia é investirmos nisso para, depois, iniciar a comercialização internacional, começando por Portugal, conforme definimos no plano de negócios. A nossa intenção é começar a exportar, efetivamente, em 2025”,  comenta. 

PEIEX Coop – E nesse sentido, José Arcino destaca: “Participar do PEIEX Coop foi fundamental. Tivemos apoio em todo o processo e conseguimos entender bem o que é preciso para começar a exportar, quais são as exigências de cada país e os fatores que temos de considerar na hora de buscar um novo mercado. Isso faz toda a diferença na hora de negociar”, diz.  

Optar Orgânicos – A cooperativa foi fundada em 2019, em Russas, uma cidade localizada no interior do Ceará, e conta hoje com 36 cooperados. Além da acerola, que é o carro-chefe da produção, os associados trabalham também com coco e açaí. 

 

Serviço:

Se a sua cooperativa ainda não exporta ou quer potencializar as vendas no exterior, nós temos outra dica interessante para você. No site NegóciosCoop, reunimos conteúdos especializados sobre inteligência de mercado, estratégias comerciais, inovação, tendências, comportamento do consumidor e muito mais. Acesse agora e confira. 

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