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Terra e paixão: cooperativa de crédito terá papel importante na novela

 

Onde existe cooperativismo, existe desenvolvimento e boas histórias. E é isso que a novela Terra e Paixão começou a mostrar ontem, com a entrada de um novo personagem na trama: o Sicoob — maior sistema cooperativo de crédito do Brasil, que passará a desempenhar um importante papel na trama global. 

A cooperativa entrou na novela pelas mãos de Lucinda (Débora Falabella), uma mulher honesta, que trabalha em uma coop agropecuária, e quer ajudar os cooperados a investir em suas propriedades. 

"Eu andei fazendo umas pesquisas e percebi, em nossa comunidade, uma dificuldade geral quando o assunto é crédito e investimento", comenta. "Pensei que seria ótimo se a gente trouxesse uma cooperativa financeira para cá".

Em seguida, ela apresenta o Sicoob como alternativa ao banco local — que, na trama, é controlado por  Antonio LaSelva (Tony Ramos) — e explica as vantagens do coop de crédito.

"A cooperativa tem tudo o que o banco oferece, as mesmas coisas. A diferença é que os cooperados são donos. Eles participam das decisões e dos resultados", argumenta Lucinda.

Animado com a proposta, o presidente da cooperativa agropecuária, Tadeu (Cláudio Gabriel) dá carta branca para a abertura de uma agência do Sicoob. "Olha, isso aí pode resolver o problema de muita gente aqui da região. Gostei, vamos ter uma agência do Sicoob aqui em Nova Primavera [cidade fictícia onde se passa a novela Terra e Paixão]", conclui. 

Vida real

As cooperativas de crédito, na vida real, representam um caminho seguro para o desenvolvimento das comunidades onde atuam. Basta dizer que elas são as únicas instituições presentes em mais de 300 municípios brasileiros, segundo dados do Banco Central. 

Segundo o AnuárioCoop 2022, as cooperativas de crédito  geram 89 mil empregos diretos e injetam R$ 5 bilhões na economia, apenas com o pagamento de salários e direitos trabalhistas. Quer mais? Elas fecharam o ano de 2022 com uma carteira de crédito de R$ 383 bilhões que, em grande parte, beneficia justamente quem mais precisa e gera riqueza para o Brasil: produtores rurais e pequenos empresários.

Além disso, — como bem explicaram os autores de Terra e Paixão —, ao abrir uma conta em uma cooperativa de crédito, o cooperado torna-se sócio e dono da instituição financeira. A adesão é livre e voluntária, com portas abertas para todos os brasileiros.

"O cooperativismo é um importante agente de inclusão financeira do povo brasileiro", reconhece o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas. "É um orgulho saber que, a partir da trama da novela, cada vez mais pessoas conhecerão o modelo de negócios cooperativista e o muito que as cooperativas têm feito pelo Brasil." 

Participação nos resultados

Outro diferencial importante das cooperativas de crédito — destacado pela personagem Lucinda, na novela Terra e Paixão — é o fato de os cooperados receberem, no final do ano, uma participação nos resultados financeiros obtidos pela organização (as chamadas "sobras"). 

Funciona assim: quando uma cooperativa de crédito fecha o ano com resultado financeiro líquido positivo, esse dinheiro é distribuído entre os cooperados. A devolução é proporcional às operações realizadas com a cooperativa: quanto maior o relacionamento e utilização de produtos e serviços, maior a participação nos resultados. Em 2023, o Sicredi distribuiu R$ 2,5 bilhões entre seus cooperados, e o Sicoob compartilhou R$ 5,5 bilhões. 

Além da devolução das sobras aos cooperados, as cooperativas de crédito investem diretamente na melhoria das comunidades onde atuam. E fique ligado porque, em breve, apresentaremos mais diferenças entre as cooperativas e as outras instituições financeiras tradicionais.

Serviço

Quer ver como as cooperativas de crédito funcionam na vida real? No episódio 9 da primeira temporada da websérie SomosCoop na Estrada, a jornalista Glenda Kozlowski mostra a história do Sicoob Centro-Sul, em Morrinhos (GO), uma cooperativa financeira com mais de 10 mil donos, que oferece crédito e atenção aos seus cooperados e ainda promove educação financeira e investe na comunidade. 

 
 
 
Montagem traz três mulheres agricultoras em um fundo verde

Mulheres na Agricultura: Alines da vida real encontram apoio no coop

Viúva do dia para noite, ainda em estado de choque, a personagem Aline, interpretada pela atriz Bárbara Reis, procura a cooperativa agropecuária da cidade em busca de apoio. Assim como outras mulheres na agricultura, sua intenção era dar continuidade ao trabalho da família. “Quero plantar, colher, quero progredir. Agora que assumi as terras, quero entrar para a cooperativa”, diz a personagem em um dos primeiros capítulos da novela Terra e Paixão, da TV Globo. 

Apesar de ser uma obra de ficção, a semelhança com a realidade não é mera coincidência. Assim como a mocinha de Terra e Paixão, Maria José Borges viu o marido morrer na sua frente, de forma inesperada. 

“Fiquei viúva de supetão. Meu marido era um homem saudável. Estava trabalhando junto com a gente na lavoura, paramos para almoçar, ele se sentiu mal e morreu ali mesmo. Deixou a marmita, a enxada, tudo lá no meio da lavoura”, recorda a produtora rural, que vive na zona rural de Poço Fundo, em Minas Gerais.

Aos 60 anos, sozinha e com duas filhas, Maria José teve que assumir a produção de café da família, ao mesmo tempo em que atravessava o luto pela perda do companheiro com que passou 35 anos da vida. 

“Foi muito difícil, só eu sei o que passei", relembra. "Uma das minhas filhas estava doente, então eu não sabia se me mexia para acudir as coisas que não podia deixar de fazer, como a lavoura e tudo mais, ou se cuidava dela. Me senti muito frágil, muito deprimida, mas eu sempre pensava 'eu vou vencer'.” 

Na hora em que mais precisou, tal como a mocinha de Terra e Paixão, Maria José também buscou apoio em uma cooperativa. Mais especificamente na Cooperativa de Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (Coopfam). 

"Eu não queria voltar ao trabalho. Por mim, abandonava tudo. As mulheres da cooperativa foram a minha força, fizeram tudo por mim. Elas diziam: ‘se você não vier, vamos te buscar na sua casa’. E da minha casa à sede da cooperativa são 22 quilômetros, com estrada de terra, porque vivo na zona rural. Isso é união, valor de grupo”, recorda. 

Apenas um mês depois da morte do marido, no começo de 2009, Maria José teve de enfrentar outra situação inesperada, que a fez entrar para história da cooperativa. Durante a Assembleia Geral da Coopfam — momento em que os cooperados decidem os rumos da cooperativa por meio de votação democrática —, ela foi informada que teria que votar no lugar do marido. Afinal, agora era a responsável pela produção da família.

“Eu não gosto nem de lembrar da dor, do desespero e da tristeza que eu senti. Eu olhava aquela fila enorme de homens e me sentia sozinha. Chorei o tempo inteiro, enquanto estava na fila para votar", conta. Foi então que, novamente, as mulheres da cooperativa se uniram para apoiar a amiga. 

"Elas entraram pela porta e foram me abraçar. Fomos juntas na fila, de mãos dadas, até a urna, para eu votar”, recorda, emocionada. 

CAFÉ EXPORTAÇÃO

Com o apoio das cooperadas da Coopfam, Maria José aos poucos retomou as atividades na lavoura. Primeiro, ela contratou trabalhadores. Depois, decidiu se unir a dois primos para seguir adiante com a produção — parecido com a Aline, de Terra e Paixão.

“Eu sempre trabalhei com meu marido, então sabia um pouco do que precisava fazer na lavoura. A gente comunicava tudo ao outro, sobre o que estava fazendo, o que estava gastando, comprando, pagando. Então eu já tinha conhecimento sobre o nosso trabalho”, explica. 

Conforme os anos passavam, Maria José foi se destacando na produção de café. E para retribuir o apoio recebido das mulheres da Coopfam,  começou a estimular outras cooperadas e esposas de cooperados a conhecer mais sobre a produção e o trabalho de suas famílias. “Sempre falava para elas nas reuniões: procurem saber do trabalho do marido, dos negócios, da vida, saber como tudo funciona. Tinha amigas que não sabiam ir ao banco, nem o que a gente colocava no café”. 

A representatividade conquistada, ainda que a contragosto, levou a produtora a se engajar ainda mais no grupo de mulheres da cooperativa — uma mobilização que rendeu frutos para Maria José e as demais cooperadas. Basta dizer que, em 2016, Vânia Lúcia Silva foi a primeira mulher a assumir um cargo na diretoria da Coopfam. Dois anos depois, ela foi eleita presidente da cooperativa — função que exerce até hoje. 

A mobilização de mulheres da cooperativa também rendeu uma marca registrada: o Café Feminino, que busca valorizar o grão produzido pelas mulheres cooperadas na agricultura. Com notas de chocolate, leite e mel, a iguaria é uma preciosidade, vendida quase em sua totalidade para os Estados Unidos. 

"Um dia um sobrinho me perguntou assim: ‘como vocês fazem para exportar café se vocês viveram na roça a vida inteira, não tiveram a oportunidade nem de estudar direito?’. Eu respondi: nós só sabemos produzir um bom café, mas os nossos companheiros cooperados sabem vender o nosso bom café. Isso é cooperativismo”, resume Maria José — uma Aline da vida real. 

RAINHA DA SOJA

Em Floraí, no interior do Paraná, encontramos outra história parecida com a da novela Terra e Paixão. Quando ficou viúva, aos 52 anos, Cecília Falavigna era professora e cuidava dos filhos, enquanto o marido se dedicava à produção de café. 

“Quando meu marido morreu de câncer, muita gente falou ‘vende, arrenda, cria gado’. Mesmo sem entender nada de roça, decidi não fazer nada disso e estou aqui, até hoje”, contou a paranaense em entrevista à Revista Saber Cooperar

Uma mulher na agricultura, sem experiência nem conhecimento sobre os negócios da família, Cecília fez o mesmo que a protagonista da novela: procurou uma cooperativa, no caso, a Cocamar Cooperativa Agroindustrial — da qual se tornaria conselheira e diretora anos depois. 

“Eu disse para a cooperativa: estou aqui, preciso do apoio de vocês. Eu preciso de apoio para poder tocar os negócios da família. Foi aí que comecei. Não tinha noção de quantidade, mas a cooperativa me orientou sobre os alqueires, quanto eu precisava de adubo e de fertilizantes. Esta parte técnica toda ficou por conta da cooperativa”, relembra. 

Com muito trabalho, dedicação e horas de estudo sobre tecnologias, mercado e novidades do setor agrícola, Cecília decidiu apostar na diversificação do cultivo e passou a plantar milho, soja e laranja nas propriedades da família. 

A ousadia da cooperada paranaense rendeu frutos. Suas duas fazendas, Santa Ana e Esperança, são referência em produtividade, rendendo vários prêmios a Cecília, como o tricampeonato no concurso de máximo rendimento na produção de soja, promovido pela Cocamar. Além do reconhecimento da cooperativa, Cecília recebeu outros prêmios por produtividade, até ficar conhecida como “Rainha da Soja” — título concedido após ela ganhar a premiação de uma multinacional que avaliou a safra de grãos em 2015/2016. 

Satisfeita com o muito que realizou, essa "Aline da vida real"  vem reduzindo o ritmo de trabalho aos poucos. Agora, ela planeja a sucessão da propriedade, e sonha que o filho assuma os negócios. Até lá — tal como a personagem da novela —, ela fica de olho nas terras. Afinal, nunca se sabe quais riquezas ela pode esconder.

 Mais histórias pelo Brasil

Quer conhecer mais histórias de mulheres na agricultura - e em outros ramos - que têm transformado suas realidades por meio do cooperativismo? No terceiro episódio da  websérie SomosCoop, veja como cooperadas do Amazonas estão conquistando renda e autonomia por meio da união em cooperativas de transporte, fruticultura, artesanato e de produção de fibra de juta, entre outras histórias.

 

Na série SomosCoop na Estrada, a jornalista Glenda Kozlowski, também está viajando o Brasil em busca de histórias inspiradoras do cooperativismo. Veja aqui todos os episódios.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Cooperativismo e economia circular têm tudo a ver

Tanto a economia circular quanto o cooperativismo têm o compromisso com o futuro das pessoas e do planeta, pautando suas decisões pela ética e pela sustentabilidade. Mas antes de mostrar as semelhanças existentes dessas duas formas de pensar a economia, é importante alinhar nosso entendimento sobre o que é a economia circular.

Uma maneira bem fácil de explicar esse conceito é pensando no ciclo de vida de quase todos os produtos que consumimos. Eles têm começo, meio e fim, que poderiam ser dispostos em uma linha reta.

Veja o caso do cafezinho-nosso-de-cada-dia. Tudo começa no plantio do pé de café, que precisa ser cuidado pelo cafeicultor com cuidado para não ser destruído por pragas, intempéries ou falta de água. Depois de colhido, seco, torrado e selecionado, ele é enviado para indústria, onde é processado, embalado e enviado às gôndolas dos supermercados. Nós, consumidores, levamos o produto para casa, nos deliciamos com ele e, depois, jogamos a embalagem no lixo — aumentando a quantidade de resíduos sólidos no planeta. Essa linha se repete para cada produto que adquirimos; e essa produção exige a exploração constante de recursos em um processo que está esgotando o planeta.

De acordo com um estudo da WWF, se mantivermos o padrão atual de consumo, a humanidade precisará de mais de dois planetas Terra em 2050, porque não há terras e águas produtivas suficientes para acompanhar o ritmo de exploração atual. O problema é que não há, pelo menos por enquanto, outro planeta disponível. A única solução possível é mudar urgentemente a forma de produzir e consumir.

Uma das saídas para essa crise de disponibilidade é juntar as pontas da linha do processo clássico de extração-produção-uso-descarte, e formar um círculo. A imagem que se forma é justamente o que dá nome à economia circular, conceito que propõe uma mudança na maneira de produzir e consumir, buscando o aproveitamento total de todos os componentes da cadeia: da matéria-prima aos resíduos.

A ideia é repensar a forma de pensar, produzir e comercializar produtos para garantir o uso e a recuperação inteligente dos recursos naturais. O conceito prevê novos modelos de negócios e a otimização de processos já existentes para reduzir a exploração de matéria-prima e transformar em insumos o que antes eram considerados resíduos, em um círculo virtuoso de reaproveitamento.

SEM RESÍDUOS

coooperativa de catadores

Cooperativas são responsáveis por mais de 30% da coleta de recicláveis de 1.100 municípios brasileiros. Foto: SomosCoop.

Reduzir, Reciclar e Reutilizar. Esses 3Rs não traduzem por completo a ideia da economia circular, que busca estabelecer um modelo de produção onde não existam resíduos, ou seja, onde todos os insumos de um produto sejam 100% utilizados ou reaproveitados. Quer um exemplo?

Na moda, setor em que o descarte é um problema global, com 50 milhões de toneladas de roupas jogadas no lixo todos os anos, a aplicação de princípios da economia circular tem ganhado força. Algumas marcas optam pela fabricação de tecidos projetados desde o início para serem reutilizados ou reciclados. Elas também não utilizam matérias-primas que impactam negativamente o meio ambiente, como derivados de plástico ou petróleo. As embalagens são igualmente feitas de materiais reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis. Para completar, crescem em todo o país as lojas da chamada "moda circular", em que as pessoas compram e vendem roupas usadas, garantindo que essas peças sejam utilizadas por mais tempo e por mais pessoas.

Conheça os 3 princípios da economia circular 

  1. Eliminar resíduos e poluição
  2. Manter produtos e materiais em uso
  3. Regenerar a natureza

Juntas, essas três diretrizes formam a base de um modelo econômico focado no compartilhamento, reutilização e reciclagem de materiais e produtos existentes para reduzir a exploração de novos recursos.

Mas o que o cooperativismo tem a ver com a economia circular? Tudo! “O cooperativismo e a economia circular são conceitos que estão intimamente conectados, pois ambos são ferramentas norteadoras para um modelo de desenvolvimento sustentável e equitativo”, compara o coordenador de Meio Ambiente e Energia do Sistema OCB, Marco Morato.

O cooperativismo é um modelo de organização socioeconômica baseado na cooperação, no protagonismo das pessoas e que visa garantir a melhoria das condições de vida e trabalho de seus membros, tudo isso a partir da gestão democrática e coletiva de seus recursos e atividades.

“O cooperativismo pode ser uma ferramenta efetiva para promover a economia circular, conceito que está aderente aos seus 7 princípios, principalmente a Gestão democrática, Educação formação e informação, Intercooperação e Interesse pela comunidade. Essa conexão pode favorecer a adoção de práticas mais sustentáveis e conscientes por parte dos cooperados, famílias e comunidade, estimulando a produção e consumo de bens e serviços circulares, e promovendo assim cadeias econômicas mais resilientes e responsáveis”, pondera Morato.

Assim como o coordenador de Meio Ambiente e Energia da OCB, a ONU também considera as cooperativas peças-chave na promoção da economia circular como estratégia para um mundo mais justo e sustentável.

“As cooperativas são reconhecidas como protagonistas na incorporação do modelo de economia circular em seus negócios e comunidades. Muitas cooperativas têm sido inovadoras na gestão sustentável de recursos em seus setores — lançando programas de conscientização do consumidor, desenvolvendo políticas de reciclagem e liderando iniciativas de redução do desperdício de alimentos”, diz documento A economia circular, as cooperativas e a economia social e solidária, elaborado pela Divisão de Desenvolvimento Social Inclusivo da ONU.

No texto, a ONU destaca o papel de cooperativas de vários lugares do mundo na produção de energias renováveis a partir de resíduos, na elaboração de novos produtos com a reutilização de materiais, na geração de emprego e renda com atividades de coleta e separação de materiais recicláveis, entre outras iniciativas.

COOPERATIVAS TRANSFORMADORAS

Dedo de Gente: cooperativa mineira faz arte a partir de materiais reciclados.

Dedo de Gente: cooperativa mineira faz arte a partir de materiais reciclados.
Foto: Instagram da cooperativa @dedodegente

Como parte de um ecossistema de economia circular, as cooperativas têm atuado em parceria com outros setores para ajudar a fechar o ciclo de alguns produtos de maneira mais sustentável, reduzindo o descarte, reciclando produtos e reaproveitando materiais.

Conheça algumas iniciativas cooperativistas que seguem os princípios da economia circular:

  • Na Turquia, a Cooperativa de Desenvolvimento Agrícola das Aldeias Kocabeyli, Kara avuş, Süngütepe and Saatli Villages utiliza o bagaço de azeitona —resíduo da produção de azeite e nocivo para o meio ambiente —para fazer óleo e usá-lo como matéria-prima para fabricar sabão, gerando renda sustentável para os associados.
  • Na Bélgica, a BelOrta, uma das maiores cooperativas europeias de frutas e legumes, atua com mais de mil agricultores em um modelo que garante preços justos e um rendimento estável. A cooperativa utiliza um sistema de cogeração de energia, em que uma estufa produz energia complementar, injetada na rede local. A estufa tem um sistema de isolamento para economizar calor à noite e o sistema de irrigação aproveita a água da chuva.
  • A Dedo de Gente é uma cooperativa mineira que mostra o papel do cooperativismo no design circular. Criada em 1996, ela reaproveita materiais que seriam descartados para a produção de produtos artesanais e peças de arte que traduzem a riqueza do sertão de Minas Gerais.
  • A Cooperárvore é a cooperativa social do programa de Responsabilidade Social Árvore da Vida, da Fiat, uma iniciativa que se tornou referência na economia circular. O objetivo da cooperativa é gerar renda a partir de produtos criados com resíduos provenientes da indústria automotiva. Com mais de 150 produtos no catálogo, a cooperativa já reaproveitou mais de 37 toneladas de materiais descartados.
  • A Central de Cooperativas de Trabalho de Materiais Recicláveis do Distrito Federal (Centcoop) é uma rede de 25 cooperativas e quase 3 mil associados que atua na coleta seletiva e reciclagem de resíduos em Brasília e cidades da região. Primeira central de cooperativas de agentes de reciclagem do Brasil, a Centcoop se tornou referência para a América Latina.

Além desses exemplos, as cooperativas estão presentes em muitas outras iniciativas de economia circular, em diversos setores. O compromisso do cooperativismo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU têm impulsionado essa transformação rumo a novas formas de produção e consumo no nosso modelo de negócio.

“Nós, do Sistema OCB, temos o compromisso de compartilhar boas práticas de produção eficiente e cada vez mais próxima do modelo de economia inclusiva, sustentável e circular em que cada insumo da natureza seja corretamente aproveitado”, explica Morato. Existe, inclusive, um site criado para falar do assunto, o Cooperação Ambiental, que traz um manifesto com o compromisso do cooperativismo com um futuro mais sustentável e mostra como as cooperativas estão trabalhando na prática para isso.

 
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101º Dia Internacional do Cooperativismo

Este ano, o 101º Dia Internacional do Cooperativismo (DIC) demonstra a capacidade que as cooperativas têm de aliar a produtividade e o desenvolvimento com equilíbrio ambiental e responsabilidade social. Com o tema Cooperativas pelo Desenvolvimento Sustentável, definido pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI), a celebração global pretende destacar as boas práticas do movimento cooperativista no dia 1º de julho.

Também conhecido como CoopsDay, o dia internacional é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em seu calendário oficial. A data é comemorada desde 1923, sempre no primeiro sábado do mês de julho, mas apenas em 1995 – ano do centenário da ACI – a ONU proclamou oficialmente as comemorações anuais. Este ano as cooperativas e seus cooperados divulgarão suas ações desenvolvidas em defesa da construção de uma economia verde, que vai desde a recuperação de nascentes até a atuação para a transição energética.

“Temos inúmeros exemplos de iniciativas das cooperativas em defesa do desenvolvimento sustentável. As do Ramo Agro, por exemplo, há tempos já atuam na recuperação de nascentes e matas ciliares; reaproveitam dejetos para gerar energia de biomassa; e recolhem as embalagens dos insumos utilizadas, o que inspirou, inclusive, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010). Agora, com os créditos de carbono, temos mais oportunidades para divulgar nossas práticas e ganharmos por isto. A questão ambiental é pauta fixa no cooperativismo desde o seu surgimento e o Sistema OCB sempre esteve alinhado pelo alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), validados na Agenda 2030 da ONU”, declarou o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.

A celebração do CoopsDay no Brasil também busca chamar a atenção para as práticas cooperativistas e promover ideais do movimento como solidariedade internacional, eficiência econômica, igualdade, paz e prosperidade mundial. Uma série de ações sociais são disponibilizadas para a sociedade que, por sua vez, pode perceber, na prática, as contribuições do movimento para um mundo mais justo e igualitário. O Dia de Cooperar, ou Dia C, como é mais conhecido, promove eventos voluntários e solidários nas principais capitais e cidades do país, para destacar iniciativas que, muitas vezes, ocorrem durante o ano todo. 

Boas práticas

As iniciativas de sucesso das cooperativas vão desde a recuperação de pastagens degradadas, disseminação de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), de Sistemas Agroflorestais (SAFs), até outras técnicas de tratamento de dejetos animais e resíduos para redução de emissão de metano, produção de adubo orgânico e geração de energia limpa, por meio da biomassa. Desta forma, as coops têm contribuído para o alcance de metas nacionais e mundiais de redução de emissões e mitigação de efeitos das mudanças climáticas. Confira abaixo algumas iniciativas de sucesso.

Créditos sustentáveis

No Ramo Agro, a Frísia Cooperativa Agroindustrial é responsável pelo Programa Fazenda Sustentável que estimula boas práticas agropecuárias por parte de seus associados. Um caso de destaque é o do produtor paranaense Fabiano Gomes. Ele vendeu 2.281 créditos de soja sustentável para a Alemanha e a Dinamarca que renderam R$ 31 mil. Gomes herdou a fazenda de seu avô e, junto com seus irmãos, aderiu ao projeto para, além de recuperar as áreas degradadas, investir em energia fotovoltaica, captar água de chuva dos telhados e reciclar o lixo. Com as iniciativas, sua propriedade foi certificada pela Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS), o que contribuiu para aumentar a venda do grão no mercado mundial, além dos créditos para outros países.

"Atendemos a 107 requisitos para a certificação da nossa fazenda. Todos os anos há uma auditoria para revalidar essa certificação. Por isso, precisamos estar em dia com os órgãos ambientais, com as leis trabalhistas, com o treinamento dos funcionários, enfim com todas as normas regulamentadoras e com a comunidade do entorno da fazenda. Ganhamos mercado e as novas práticas também ajudaram a aumentar a produção do grão que hoje passa de 73 sacas por hectare”, explica Fabiano.

Água Viva

A preservação das águas é uma responsabilidade de todos e a gaúcha Ceriluz leva a questão a sério. A coop já recuperou oito nascentes e plantou cerca de 11 mil mudas em Áreas de Preservação Permanentes (APPs).  O Projeto Água Viva, coordenado por ela, envolve a comunidade, em especial estudantes, na preservação e recuperação de nascentes com plantio de espécies nativas no entorno das fontes de água potável.  Segundo o coordenador técnico do programa, Romeo Angelo de Jesus, as informações repassadas para as crianças e jovens sobre os riscos ambientais provocados pelas mudanças climáticas estimulam a mudança de atitude em relação à natureza.

“As novas gerações são agentes de mudança, não só por suas próprias atitudes, mas pelo convencimento de familiares e das comunidades sobre a necessidade de cuidar melhor do futuro do planeta. Como cooperativa do setor elétrico, nossas atividades impactam de alguma forma o meio ambiente. Por isso, fazemos questão de promover programas não só para minimizar esses impactos, mas também para promover a recuperação dos espaços afetados", conta Romeo Angelo, ao destacar também que a coop assumiu o compromisso em gerar energia renovável para seus cooperados com o menor impacto ambiental e o melhor resultado para os consumidores. 

O programa já está em sua segunda etapa e mobiliza cerca de 200 estudantes para atuarem como agentes de transformação em suas comunidades. Um estudo sobre a qualidade da água nestas fontes será desenvolvido pelos alunos do mestrado em Sustentabilidade Ambiental, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí). No final do ano, os alunos das escolas do município vão demonstrar o que aprenderam na Feira de Conhecimento.

Lixo Zero

A plena reciclagem de resíduos sólidos também é bandeira do cooperativismo. Exemplos de iniciativas nesse sentido podem ser conferida no Projeto Lixo Zero da cooperativa catarinense ViaCredi, e no Programa Descarte Certo, da Capal Cooperativa Agroindustrial, com atuação nos estados do Paraná e São Paulo.

O Lixo Zero busca sensibilizar seus colaboradores sobre geração, separação e destinação adequada de resíduos no ambiente laboral. Só em 2022, ano em que a coop instituiu o projeto, foram recicladas 41 toneladas de resíduos sólidos, o que possibilitou a aquisição e doação de mais de 3 mil livros. Os colaboradores também se beneficiam com a retirada média de 100 livros/mês. Nos primeiros seis meses do projeto foi promovida a campanha de doação de tampas plásticas, que arrecadou 90 kg do material doado a uma instituição de caridade.

Pela iniciativa, a coop foi certificada pela Aliança Internacional Lixo Zero. O documento é concedido as instituições que desviam 90% ou mais de seus resíduos de aterros sanitários. Mesmo antes da certificação a ViaCredi já desviava 88% dos resíduos. “Exemplo de ação que parece pequena, mas que tem o potencial de se multiplicar, com um grande impacto exponencial. A nossa atitude individual pode influenciar o comportamento de muitas pessoas. Pode mudar a cultura e impactar o mundo para melhor”, observa o diretor-executivo, Vanildo Leoni.

A coop também publica as chamadas “Pílulas de Sustentabilidade” em seu portal para sensibilizar e conscientizar seus colaboradores. Parte das ações promovidas, o Dia Sem Copo estimula o uso de canecas próprias e garrafinhas.  Quatro mil descartáveis eram utilizados até então, diariamente. 

Descarte Certo

E quando o descarte de resíduos precisa de um cuidado especial? Desde 2014, o Programa Descarte Certo da Capal tem ajudado seus cooperados a fazer o rejeite adequado dos resíduos veterinários, como as agulhas das vacinas. A iniciativa recolheu 167 toneladas desse tipo de material, o que possibilitou o fim da queima e da existência de aterros irregulares nas propriedades. 

O produtor Marinus Hagens Filho, associado há mais de 30 anos, conta que sempre se questionou sobre a melhor maneira de descartar as agulhas, seringas e frascos de remédio utilizados na imunização dos animais. “Era um passivo que a gente tinha na propriedade, porque não havia onde descartar. Era um problema muito sério, porque sempre havia o risco de contaminação. Algumas coisas ficavam guardadas em tambores, mas outras eram incineradas”, contou.

A Capal recolhe os mais variados resíduos biológicos, químicos e perfurocortantes para atender 100% dos produtores de bovinos e suínos. A retirada é feita por uma empresa especializada e a coop também realiza treinamentos sobre o manuseio e a armazenagem segura destes resíduos. Só em 2023, 10 toneladas já foram retiradas das fazendas. “É uma vantagem competitiva e financeira, porque a gente recebe um adicional no pagamento do leite por manter essas boas práticas, entre elas, o descarte correto”, complementa Hagens Filho.

Manifesto

Durante a COP 27, o cooperativismo brasileiro reafirmou o seu compromisso com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente. "Afinal, toda cooperativa — independentemente do tamanho, área de atuação ou país— já nasce com o compromisso de cuidar da comunidade onde atua, o que só pode ser feito com justiça social, equilíbrio ambiental e viabilidade econômica", de acordo com o manifesto. Clique aqui e confira a carta aberta na íntegra.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Conheça um jeito inteligente de empreender coletivamente

Imagine um grupo de professores que, depois de 20 anos trabalhando na mesma escola, se vê, de repente, sem trabalho. Por conta da crise e da falta de planejamento, o estabelecimento foi obrigado a fechar as portas. Mas onde muitos profissionais veriam um beco sem saída, eles enxergaram uma oportunidade! E se em vez de procurarem emprego em outros colégios, eles unissem forças para abrir o próprio negócio? É aí que o cooperativismo entra nessa história — como um caminho para quem acredita no empreendedorismo coletivo.

De acordo com o dicionário, a palavra empreendedorismo significa “disposição ou capacidade de idealizar, coordenar e realizar projetos, serviços e negócios". Somada ao adjetivo coletivo, temos um novo conceito que tem tudo a ver com aquele antigo (e verdadeiro) ditado popular:  “a união faz a força”. 

Empreendedorismo coletivo é, portanto, o nome que se dá a diversas iniciativasque buscam resultados comuns para um grupo de pessoas ou organizações. Incluem-se aí as entidades de representação, os clubes de compras, algumas fundações e, é claro, as cooperativas. Afinal, onde existe a união de pessoas pelo bem coletivo, existe o cooperativismo — uma  das formas de empreender coletivamente de maior alcance e relevância do Brasil.

"Hoje, quase 19 milhões de brasileiros estão vinculados a uma cooperativa. Nosso modelo de negócios gera 493 mil empregos diretos e injeta R$ 784,3 bilhões na economia", afirma Tânia Zanella, superintendente do Sistema OCB — entidade de representação do cooperativismo no Brasil.

Ainda segundo a executiva, o cooperativismo é destaque em setores importantes da economia como o Agronegócio, a Saúde e a Geração de Energia Limpa e Renovável. "Também somos referência quando o assunto é sustentabilidade, valorização das pessoas e cuidado com o meio ambiente", garante.

De olho no futuro

Cooperadas da Señorita Courier, cooperativa de plataforma que gera trabalho e renda para mulheres entregadoras/ Crédito: Facebook da cooperativa
 Cooperadas da Señorita Courier, cooperativa de plataforma que gera trabalho e renda para mulheres entregadoras
Crédito: Facebook da cooperativa

 

A primeira cooperativa da história nasceu da necessidade de um grupo de trabalhadores da Inglaterra do século XIX de buscar melhores condições de vida. Para aumentar seu poder de compra durante uma crise, 28 tecelões se uniram para comprar produtos em grandes quantidades e estocá-los em um armazém. Sempre que precisavam, podiam retirá-los a preços mais baixos que nos mercados locais, em uma estratégia que deu origem ao que se conhece atualmente como economia colaborativa. 

Se no começo, a ferramenta dos cooperativistas foi a compra coletiva, hoje as possibilidades são diversas. "Nosso modelo de negócio é versátil. Posso dizer, sem medo de errar, que ele se adapta a diversas realidades e — mesmo com quase 180 anos — segue moderno e atual", comemora a superintendente do Sistema OCB. 

Uma prova de que o cooperativismo é um modelo de negócio cada vez mais atual é o crescente surgimento de empreendimentos coletivos cooperativos baseados em plataformas digitais, uma inovação recente do mundo do trabalho.

Por meio de sites e aplicativos, as plataformas conectam prestadores de serviço ao consumidor final, em um modelo em que cada trabalhador é responsável por sua geração de renda. Elas surgiram com os aplicativos de transporte, de entregas, quenem sempre garantem condições justas para os trabalhadores que atuam como prestadores de serviços.

A solução cooperativista foi criar plataformas em que os trabalhadores são também os donos e gestores do negócio. Nelas, a política de remuneração e divisão de resultados é definida coletivamente. Assim, ninguém é explorado por ninguém. Quer mais? Sites e aplicativos cooperativistas devem criar fundos para a promoção da qualidade de vida e do desenvolvimento desses cooperados. 

"As cooperativas de plataforma são uma resposta à precarização das relações trabalhistas do século XXI", explica Tania Zanella. "Elas facilitam a conexão dos prestadores de serviços com os clientes finais, remunerando os profissionais de forma justa e transformando-os em donos do próprio negócio. É um modelo de empreendimento coletivo mais justo e sustentável, que utiliza a tecnologia para melhorar a vida das pessoas, ao invés de explorá-las."

Atualmente, existem cerca de 300 cooperativas de plataformas no mundo. No Brasil, as pioneiras foram a Señoritas Courier, aplicativo de entregas do estado de São Paulo; a Pay on Demand (PODD), de transporte de passageiros, do Espírito Santo; e a Ciclos, de energia compartilhada, planos de saúde e telefonia e dados móveis, também do ES. 

Curiosidade: Para empreender coletivamente no cooperativismo, é preciso formar um grupo de, no mínimo, 20 pessoas com um mesmo propósito. No caso das cooperativas de Trabalho, Produção de Bens e Serviços, 7 pessoas já são suficientes. Quer saber mais? Clique aqui

Senta que lá vem história

Agora que você descobriu que toda cooperativa é um empreendimento coletivo, conheça a história real de um grupo de pais e professores que se uniu em torno de um desafio comum: manter os jovens de Barreiras, cidade localizada no oeste baiano, perto de suas famílias. 

Juntos, eles montaram uma cooperativa que oferece educação de qualidade compatível com as melhores escolas de Salvador — capital mais próxima do município. Essa é mais uma história emocionante da websérie SomosCoop na Estrada, apresentada por Glenda Kozlowski.

Cena do episódio "Educar, cooperar e transformar", da 1ª Temporada do SomosCoop na Estrada

 
 
 
 
 
 

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