Quando um produto é descartado após o uso, isso não significa que seu ciclo produtivo terminou. É possível devolver à indústria parte dos resíduos para que sejam reaproveitados, reduzindo o desperdício, a produção de lixo, e a necessidade de novas matérias-primas. Essa reinserção produtiva tem um nome: logística reversa, um conjunto de processos que envolve coleta, transporte e destinação adequada de resíduos para que eles possam fechar o ciclo da economia circular.
No Brasil, a logística reversa é regulamentada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que parte do princípio de que a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos é compartilhada entre fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, consumidores e serviços públicos de limpeza urbana e de manuseio dos resíduos sólidos.
De acordo com a lei, a logística reversa é um dos instrumentos para colocar em prática esse conceito e garantir que os produtos retornem ao ciclo produtivo ou tenham destinação ambiental adequada após seu descarte.
A participação das cooperativas nos processos de logística reversa está prevista na PNRS, em que elas são citadas como parceiras da indústria para fazer com que produtos usados, embalagens e resíduos possam ser corretamente reaproveitados.
Protagonistas da reciclagem no Brasil, as cooperativas atuam na coleta, separação e destinação de resíduos sólidos, com geração de trabalho, renda e inclusão para cooperados em todo o país. De acordo com os dados do Anuário da Reciclagem 2023, há 2.941 organizações de catadores em todo o território nacional, entre cooperativas e associações, em um total de 86,8 mil trabalhadores. Juntos, eles foram responsáveis pela recuperação de 1,7 milhão de toneladas de resíduos no ano passado.
“As cooperativas de reciclagem são as principais operadoras de programas de logística reversa para empresas como Coca-Cola, Heineken, Havaianas, Nestlé e Braskem. São fundamentais para o cumprimento de dispositivos previstos na Política Nacional de Resíduos Sólidos e para garantir sustentabilidade econômica, ambiental e social nesses processos, afirma o coordenador de Meio Ambiente do Sistema OCB, Alex Macedo.
Quando a lei entrou em vigor, determinava que as empresas precisavam comprovar o processo de reciclagem de pelo menos 22% de toda a massa de embalagens produzidas por elas. Atualmente, a exigência é de 30%. Para cumprir esse percentual, o setor produtivo criou programas de logística reversa que têm as cooperativas como principais executoras, com resultados bem acima do exigido pela legislação.
A Central de Cooperativas de Trabalho de Materiais Recicláveis do Distrito Federal (Centcoop-DF), que reúne 1,1 mil catadores de materiais recicláveis associados a 22 cooperativas, integra alguns desses programas.
Um deles é o Reciclar Pelo Brasil, considerada a maior plataforma de logística reversa inclusiva do país. Gerenciado pela Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat), o programa atua com assessoramento técnico e investimentos diretos nas cooperativas participantes para garantir a qualificação da atividade de reciclagem e o desenvolvimento econômico dos cooperados.
Por meio da plataforma, as cooperativas prestam serviços de logística reversa para empresas como Coca-Cola Brasil, Ambev, AB Brasil, Ajinomoto, Arcor, DPA Brasil, Danone, Dr. Oetker, Nestlé, Pepsico, RD Raia Drogasil, Tetrapak, Vigor, BRF e Novelis.
Em 2023, o Reciclar Pelo Brasil mobilizou 7,8 mil catadores em 26 estados do país, gerando um volume de 102 mil toneladas de materiais recicláveis.
Outra iniciativa de impacto nacional diretamente ligada ao trabalho das cooperativas de reciclagem é o Mãos Pro Futuro, programa conjunto de logística reversa da Associação da Indústria Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos; Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (ABIPLA) e Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (ABIMAPI). Criado em 2006, o programa conecta 204 empresas a 182 cooperativas. Em 17 anos, mais de 1 milhão de toneladas de materiais recicláveis foram recuperados por meio da logística reversa do projeto.
Em outro programa, o Recupera, as cooperativas atuam na logística reversa de embalagens e produtos para 45 grandes empresas, de diversos setores, como 3M, Alpargatas, Seara, Johnson, Heineken, Aché, entre outras. O Recupera atua em todas as regiões do país, com mais de 250 cooperativas e associações de catadores, num total de 5 mil trabalhadores. Desde 2020, mais de 350 mil toneladas de resíduos foram recuperadas no programa.
Para a presidente da Centcoop, Aline Souza, a atuação em rede das cooperativas junto a iniciativas empresariais com essas é fundamental para gerar trabalho para os cooperados e garantir que a lei seja cumprida com benefícios sociais e ambientais.
“A logística reversa só existe por causa do trabalho dos catadores. Há um trabalho árduo feito lá na ponta pelos nossos companheiros, que é fazer com que a embalagem, de fato, siga seu destino de volta para a indústria. Fazer com que o percentual de reciclagem seja atingido pelos fabricantes. E esse trabalho precisa ser valorizado. Para que tudo isso dê certo, o protagonista é o catador, nós prestamos esse serviço com qualidade”, afirma. Referência entre as cooperativas do setor na América Latina, a Centcoop recicla cerca de 12 mil toneladas de resíduos por ano.
Logística reversa no agro
Além das cooperativas de reciclagem, outros setores do cooperativismo também têm apostado na logística reversa como estratégia para tornar o negócio mais sustentável, como as coops agropecuárias.
“A Cooxupé, de Minas Gerais, fez uma parceria com cooperativas de reciclagem para doar todo o resíduo gerado pela cooperativa na produção de café. Já a Aurora Vinícola faz um trabalho com compra de créditos de reciclagem como forma de estruturar a logística reversa das embalagens de vidro”, cita o coordenador de Meio Ambiente do Sistema OCB, Alex Macedo.
No interior de São Paulo, a Coplacana, referência na produção de amendoim e cana-de-açúcar, é precursora da logística reversa de embalagens vazias e sobras de defensivos agrícolas com o Sistema Campo Limpo, criado em 1996, muito antes de o Brasil ter uma lei sobre o assunto.
Com a participação da indústria fabricante, distribuidores, trabalhadores rurais cooperados e o Poder Público, o sistema da cooperativa paulista recebe cerca de 400 toneladas de embalagens vazias por ano, possibilitando que os cooperados façam o descarte desses materiais de maneira correta. As embalagens de defensivos são descontaminadas, armazenadas e passam por um processo de redução de volume para facilitar o transporte até as recicladoras.
Mais negócios para cooperativas de reciclagem Para fortalecer as cooperativas de reciclagem e ampliar sua participação no mercado, inclusive na área de logística reversa, o Sistema OCB criou um programa para apoiá-las na gestão e melhoria da eficiência operacional e financeira. Na primeira etapa do Programa NegóciosCoop Reciclagem, 18 cooperativas do Distrito Federal, Goiás e Pará passarão por um diagnóstico para identificar as áreas de melhoria e orientar o desenvolvimento gerencial de cada uma. Após o levantamento, as cooperativas receberão capacitação, consultorias e assessoria em temas como consciência contábil, comunicação e liderança, gestão da produção, relacionamento com fornecedores e clientes e tecnologia da informação. Com a qualificação da gestão, as cooperativas de reciclagem poderão fechar novos negócios, gerando mais trabalho e renda para os cooperados. |
Sabia que grande parte das cooperativas agropecuárias é formada por pequenos e médios produtores e marca presença no mercado com produtos que são referência em qualidade e sustentabilidade? Certamente você já consumiu muitos deles. O setor vem ganhando cada vez mais competitividade, se destacando em segmentos importantes, como na produção de carne suína. E nesta área, as cooperativas dão um verdadeiro show, tanto é que o maior frigorífico da América Latina é coop!
Imagina um espaço projetado para ter a capacidade diária de abate de 15 mil animais, com industrialização da produção e geração de 6.400 empregos diretos até 2030. E a ideia é trabalhar para bater estas metas antes disso. Uma iniciativa da Frimesa Cooperativa Central, formada por cinco coops agro do Paraná – Copagril, Lar, C.Vale, Copacol e Primato. O novo frigorífico já está em funcionamento desde março de 2023, na cidade de Assis Chateaubriand, no Oeste do estado, com mais de 2.100 suinocultores integrados.
A expectativa é de que a produção da central triplique até a fase final do projeto, com o processo de industrialização. Só para se ter uma ideia da projeção, em 2023 foi registrado o abate de 2.959 milhões de suínos, contabilizando o resultado de três plantas industriais localizadas em Medianeira, Marechal Cândido Rondon e Assis Chateaubriand. Um aumento de 25% em relação a 2022, segundo informações divulgadas em fevereiro deste ano pela Frimesa, em destaque no seu Relatório Anual 2023. Em consequência, a industrialização também cresceu, chegando a 351,4 mil toneladas, um aumento de 18,3% em relação ao período anterior.
E os resultados já trazem uma contribuição importante do novo frigorífico que, em dezembro do último ano, chegou ao abate de 3.665 suínos por dia. Ao final de 2023, a meta da geração de empregos já chegava a 2.563 pessoas, uma amostra de como o projeto vai somar para o desenvolvimento do município de Assis Chateaubriand e de toda a região próxima. E não poderia ser diferente, afinal o cooperativismo tem como propósito fazer a diferença na vida dos cooperados, colaboradores e de toda a comunidade, tanto econômica quanto socialmente.
Planejamento por etapas
A base do modelo de negócios coop está na união e na cooperação. É assim que os produtores ganham força organizados em cooperativas. E dessa maneira, atuando juntas, a partir da intercooperação, as coops também podem aumentar o seu ganho de escala e o seu poder de competitividade. E foi justamente assim que a Frimesa, junto com suas cooperativas filiadas e seus cooperados, estruturou em 2015 um planejamento de longo prazo para a área de suínos, após um período de estudos e análises.
Como a produção estava crescendo, viu-se que valia o investimento na construção de uma nova planta frigorífica, e assim foi feito. Três anos depois, em 2018, foram desenhados projetos com viés técnico, financeiro e econômico, com uma visão até 2023. Era preciso pensar em uma série de pontos importantes, como nos custos para a construção do espaço, nos equipamentos necessários, na constituição de uma equipe especializada, na logística de transporte dos animais e, ao mesmo tempo, fazer projeções dos retornos financeiros para os próximos anos. Para a instalação de unidades produtoras de leitão, as chamadas UPLs, terminadores e fábrica de ração, por exemplo, foram investidos R$2 bilhões pelas coops filiadas e pelos produtores.
Depois disso, partiu-se para o início das obras das instalações, em 2019, em um terreno de 115 hectares, e o processo se estendeu até dezembro de 2022, quando foi inaugurado o frigorífico, justamente no dia de comemoração do aniversário de 45 anos da Frimesa. Para tanto, foi investido um total de R$3,3 bilhões - R$1,3 bilhão custeado pela central e R$2 bilhões custeados pelas filiadas. Um projeto que contou com tecnologia de diferentes lugares do mundo e será determinante para o futuro da cadeira produtiva de suínos, com metas muito bem definidas, como você pode conferir no box abaixo.
Todo o processo foi dividido em etapas, pensando nos investimentos, na capacidade de abate, na produção e na rentabilidade. Foram estabelecidos três estágios diferentes, com início em 2023 e uma fase final projetada para 2030. A ideia é chegar neste marco com arrecadação de R$600 milhões em impostos, produção diária de 1,8 mil toneladas e faturamento anual de R$5,7 bilhões no ano. Quem responderá pelo processamento, pela industrialização e, também, pela comercialização da produção será a Frimesa. E as cooperativas filiadas repassarão os resultados aos produtores cooperados.
Metas de produção da nova unidade frigorífica *Primeira etapa – 2023 a 2025 (em curso) 7,5 mil cabeças / dia *Segunda etapa – 2026 a 2028 10 mil cabeças / dia *Terceira etapa (final) – 2029 a 2030 15 mil cabeças / dia |
Por que escolher Assis Chateaubriand como sede?
Provavelmente você deve estar se perguntando quais os motivos que levaram à escolha da cidade de Assis Chateaubriand para sediar o novo frigorífico da central. Na verdade, foi um conjunto de fatores, a começar pela grande concentração de produtores de suínos ligados à Frimesa no município e locais próximos, o que facilitaria a logística no transporte dos animais, diminuindo custos e proporcionando qualidade e bem-estar animal. Além disso, a disponibilidade de água para captação foi outro ponto considerado, assim como a mão de obra disponível na região, o acesso a vias de escoamento e o fato de o Paraná ser considerado uma área livre de febre aftosa, após trabalho conjunto do governo com o setor produtivo.
Localizado a 150 km da sede da Frimesa, em Medianeira, o frigorífico vai promover uma verdadeira onda de desenvolvimento, que já pode ser sentida na prática e deve se intensificar ainda mais ao longo do tempo. Uma oportunidade de geração de trabalho e renda para milhares de pessoas, com impacto significativo na economia local. A expectativa é de que se tenha um aumento médio de 30 a 40% na arrecadação do município. E o número de empregos gerados nesse primeiro ano de funcionamento (2.563), assim como a produção diária registrada em 2023 (3.665 suínos/dia), como sinalizamos no início do texto, já dá indícios claros de que essa previsão deve se concretizar.
Compromisso com a sustentabilidade (comentário)
Investir em práticas sustentáveis é pauta prioritária para a Frimesa e suas cooperativas filiadas, e a central fez questão de estabelecer compromissos com a sustentabilidade para os próximos 16 anos, com grandes metas a serem atingidas. A ideia é aprimorar os processos para continuar produzindo de forma respeitosa, cuidando do meio ambiente e garantindo produtos seguros e de qualidade ao consumidor. Um fluxo que se estende a todas as suas operações, na gestão e na governança, e também ao campo social, seguindo um conjunto de diretrizes e práticas ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa - tradução da sigla em inglês). O anúncio com os compromissos e as metas sustentáveis da Frimesa foi feito em agosto de 2023, durante o Fórum ESG, promovido pela própria central, em Curitiba (PR).
No frigorífico - Justamente por isso, o projeto do frigorífico de Assis conta com sistema para reaproveitamento da água e eficiência energética. Além disso, há um olhar atento para os colaboradores, oferecendo conforto térmico e acústico no espaço de trabalho. E no processamento da carne suína, são utilizadas técnicas para diminuir o estresse e garantir o bem-estar dos animais.
E mais: a planta de suínos utiliza o biometano para flambagem dos animais, uma alternativa de combustível limpo e renovável, que contribui diretamente para a redução das emissões dos gases de efeito estufa. Ele é produzido a partir do biogás, que vem da decomposição de matéria orgânica presente, por exemplo, em dejetos de animais. Retira-se vapor de água, gás carbônico e sulfeto de hidrogênio do biogás para obter o biometano.
Premiação – E o trabalho que a Frimesa tem feito em direção a uma produção cada vez mais sustentável, com os pilares de transição energética, segurança e descarbonização da cadeia produtiva, foi reconhecido nacionalmente. A central recebeu um prêmio por sua contribuição significativa no desenvolvimento e na inovação do mercado brasileiro de biogás e biometano durante o ano de 2023. A entrega da premiação (Prêmio Melhores do Biogás), promovida pelo Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano, ocorreu no último dia 16 de abril, em Chapecó (SC).
Essa é a terceira vez que a central é reconhecida. Nos anos anteriores, ela foi premiada como melhor Planta/Unidade Geradora de Biogás, e o novo título veio a partir dos investimentos feitos para a geração de energia, principalmente nas unidades de Medianeira e Assis Chateaubriand. O evento foi realizado pelo Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) e pela Embrapa Suínos e Aves e pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), com organização da Sociedade Brasileira de Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial (Sbera).
Atuação no mercado interno e externo
Com o investimento em inovação, tecnologia e sustentabilidade, a Frimesa ganha cada vez mais espaço no mercado nacional e, também, pretende ampliar suas vendas para outros lugares no mundo. E a produção do frigorífico de Assis Chateaubriand vai contribuir e muito para esse processo de crescimento, que, na verdade, já está em curso.
Só em 2023, 82,5% do volume de vendas da central, contabilizadas as produções de suínos e de leite, foram direcionados para o mercado interno, com um portfólio de 510 produtos. São 48 mil clientes ativos e 25 países compradores dos produtos da Frimesa. No último ano, o faturamento chegou a R$6,1 bilhões, com incremento de 11% no comparativo a 2022. E a meta para 2024 é atingir R$7,5 bilhões em receitas.
“Aumentamos consideravelmente os volumes de produção que sustentam as cadeias produtivas. E com a venda de produtos de valor agregado, aumentamos o faturamento em 11%”, destaca o presidente-executivo da Frimesa, Elias José Zydec. As operações nas fábricas de carnes e lácteos cresceram 15,5%, totalizando quase 500 mil toneladas de alimentos produzidos.
“Em 2023, a atividade de carnes representou 72,8% do faturamento total da Frimesa. Os cortes institucionais ou os que são destinados às indústrias transformadoras, atacados e açougues, tiveram mais destaque no portfólio. Além disso, outros lançamentos como linguiça tipo calabresa e variedades nos formatos de bacon também marcaram o ano. Foram 326 produtos totalizados na categoria carne.” (Relatório Anual 2023 - Frimesa)
Retorno ao produtor - No último ano, o quilo de suíno na Frimesa chegou a R$ 6,51 - valor pago diretamente ao produtor. Para Zydek, esse fator contribui para a sustentabilidade dos negócios na central. “A cooperativa tem um papel social, que é de viabilizar o produtor e as famílias no campo, e os colaboradores. São quase 25 mil pessoas influenciadas por nossa atividade”, ressalta. Só na suinocultura, foram 1.083 produtores integrados em 2023.
Frimesa em destaque (Relatório Anual 2023) *1ª em abates de suínos no Paraná *4ª maior indústria de carne suína do país *R$ 5,04 bilhões (vendas – mercado interno) *R$ 1,07 bilhão (exportações) *R$ 25,9 milhões investidos em sustentabilidade ambiental (manutenção de sistemas) *3.272 produtores integrados em 2023 (suínos e leite) *12.467 mil colaboradores (mais de 50% são mulheres) |
Novos episódios contam mais sobre o poder de transformação do coop
Prepare-se para embarcar em uma nova aventura com a terceira temporada do SomosCoop na Estrada! Junto com a jornalista Glenda Kozlowski, vamos explorar oito cidades brasileiras para descobrir como o cooperativismo pode transformar vidas. Da Paraíba ao Espírito Santo, passando por Pernambuco, Sergipe, Mato Grosso e Rio de Janeiro, vamos conhecer a realidade das cooperativas e dos cooperados de diversos lugares do país.
No primeiro episódio, Glenda nos leva até Cabaceiras, na Paraíba. Vamos conhecer a Arteza, uma cooperativa com 29 produtores de couro que investiram em máquinas e equipamentos para produzir e melhorar a qualidade dos produtos. Hoje, além de bolsas, sandálias e carteiras, eles produzem diversos acessórios, vendidos em todo o Brasil e exportado para países da Europa. A Arteza possui uma abordagem sustentável, com métodos de curtimento vegetal e energia solar para reduzir seu impacto ambiental.
A segunda parada é em Pernambuco, e chega à Cooperativa de Exportação do Vale Do São Francisco (Coopexvale), uma coop agrícola com um foco singular: produção de uvas na região do Vale do São Francisco. Por lá, enquanto todo o mundo produz apenas uma safra, eles são capazes de produzir duas safras e meia. O terceiro episódio mostra o trabalho comercial da Coopexvale e os esforços dos cooperados para aprimorar a qualidade de seus produtos e conquistar espaço nos mercados nacional e, principalmente, internacional, desde o processo de embalagem e armazenamento até a logística de vendas, com o apoio mútuo entre os trabalhadores.
O Nordeste continua sendo o destino do SomosCoop na Estrada, partimos para a capital paraibana. Glenda chega na Unimed de João Pessoa, fundada em 1971, por 106 médicos que, com o passar dos anos, se tornou uma gigante da saúde e oferece diversos serviços que fazem toda a diferença na vida da comunidade. A coop também se dedica a projetos sociais e educacionais, como o Mãos que Apoiam, que oferece ajuda às mulheres que enfrentam câncer de mama, além de uma escola em parceria com o governo estadual.
No quarto episódio, é hora de contar a história da Cooperativa de Eletrificação e Desenvolvimento Rural do Centro Sul de Sergipe, a Cercos. Essa coop ilumina 16 povoados da cidade de Lagarto, onde vivem cerca de 25,4 mil habitantes. Mas não é só isso, além de um projeto de perfuração e revitalização de poços artesianos nos povoados da Colônia Treze, que já beneficiou mais de 300 mil famílias.
Chegando no Sudeste, mais especificamente no Rio de Janeiro, o quinto episódio conta a história de três cooperativas dos ramos de Trabalho, Produção de Bens e Serviços do estado que se uniram para apresentar um modelo inovador. A Data Coop, a Coopas e a Libre Code. O objetivo da união é mostrar como o cooperativismo pode ser aplicado a grupos profissionais que geralmente não estão associados a esse modelo de negócios e oferecer uma alternativa para quem se torna cooperado, com melhor desenvolvimento e gestão, o que diminui os riscos de começar um negócio sozinho.
É hora de partir para o Centro-Oeste, no coração do Mato Grosso, para conhecer a Cooperfibra, em Campo Verde. A cooperativa nasceu do sonho de 20 agricultores pioneiros, que viram a oportunidade de mudar suas vidas por meio da união e do trabalho coletivo. Eles produzem soja, milho e algodão de maneira sustentável, com base em relacionamentos de confiança e lealdade, pautados nos princípios do coop, além de contar com um laboratório moderno de classificação de algodão e um setor de comercialização de grãos. Na safra 2022/23, a Cooperfibra representou a segunda maior participação na produção de grãos entre as cooperativas do Ramo Agro e é a quinta maior importância socioeconômica com vínculos empregatícios.
O Espírito Santo também entrou na rota. Agora, para conhecer a Cooperativa de Transporte Sul Serrana Capixaba, fundada em 2002. São 514 cooperados ativos, que realizam transporte escolar e atendem a nove municípios do estado. A coop oferece benefícios, como abastecimento semanal dos veículos, combustível a preços mais acessíveis e acesso a insumos com valores reduzidos por meio de compras coletivas. O episódio mostra a qualidade dos serviços prestados pela cooperativa e seu impacto na educação das crianças, com destaque para a segurança e a confiabilidade proporcionadas pelo modelo cooperativista.
A Cafesul é o último destino, ainda no Espírito Santo, e abre suas portas para mostrar a produção do Café Póde Mulheres, uma linha especial produzida apenas por mulheres cooperadas, com alta qualidade e garantia de preços justos, com condições de trabalho dignas para seus cooperados. Elas atuam em toda a cadeia produtiva, desde o cultivo e a colheita, com técnicas agrícolas modernas e sustentáveis, que preservam o meio ambiente e o bem-estar das comunidades locais. Glenda mostra, de perto, o trabalho dessas produtoras, aprende sobre o plantio que garante um bom café e descobre como a Cafesul promove o desenvolvimento econômico e social das comunidades locais.
Já foram mais de 24.000 mil quilômetros rodados, 21 cooperativas visitadas e mais de 360 horas de SomosCoop na Estrada, conhecendo de perto as histórias e os projetos transformadores das cooperativas. De norte a sul, de leste a oeste, sorrisos foram compartilhados, aprendizados foram divididos e experiências foram contadas. Agora, vamos continuar descobrindo o poder de cooperar como uma oportunidade de crescer e prosperar.
Confira o primeiro episódio da terceira temporada:
Entidade declarou 2025 como Ano Internacional das Cooperativas
O cooperativismo brasileiro vem crescendo ano a ano, tanto que já soma mais de 20,5 milhões de cooperados e gera mais de 524 mil empregos diretos, segundo dados do Anuário do Cooperativismo 2023. No mundo, são mais de três milhões de cooperativas e 1,2 bilhão de cooperados. Para fortalecer e apoiar ainda mais o crescimento do movimento, a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou a resolução Cooperativas no Desenvolvimento Social, que é uma importante declaração reconhecendo o papel vital das cooperativas no progresso das comunidades ao redor do mundo.
A decisão definiu o ano de 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas, com a intenção de reforçar a relevância dessas organizações em impulsionar o desenvolvimento econômico, social e sustentável, especialmente em grupos vulneráveis como mulheres, pessoas com deficiência e povos indígenas.
Essa resolução não é apenas uma formalidade. Ela ressalta a capacidade transformadora das cooperativas na promoção da justiça social e na redução da desigualdade. O texto busca incentivar os estados membros, as Nações Unidas e todas as partes interessadas, a aproveitarem o ano de 2025 para promover as cooperativas e fomentar o modelo de negócios como a melhor alternativa para um futuro mais inclusivo, justo e equilibrado.
Por isso, durante esse período, as cooperativas devem receber maior visibilidade e apoio. A ONU incentivará 195 países membros a adotarem medidas de fortalecimento e promoção das cooperativas em suas realidades locais. Para isso, serão promovidas ações de cooperação técnica e transferência de conhecimento dos representantes das organizações.
O texto da declaração destaca ainda a importância de os governos seguirem as recomendações apresentadas no relatório de 2023 do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre o papel das cooperativas no desenvolvimento social. A ideia é fortalecer o ecossistema empreendedor delas, permitindo a criação de empregos, erradicação da pobreza e da fome, educação, proteção social, inclusão financeira e criação de opções de moradia a preços mais acessíveis.
Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB, órgão de representação máxima do cooperativismo no Brasil, considera que a decisão mostra a força do modelo de negócios e sua importância cada vez maior para a garantia do trabalho e renda. “O mundo mudou e os propósitos do cooperativismo, que se concentram no bem-estar das pessoas e na busca por um mundo mais sustentável, são exemplos que merecem ser reconhecidos e adotados de forma mais efetiva,” afirma.
Vale ressaltar que esta não é a primeira vez que a ONU dedica um ano para as cooperativas. Em 2012, eles fizeram o mesmo e isso ajudou as cooperativas a crescerem ainda mais. O tema escolhido foi Cooperativas Constroem um Mundo Melhor, e mostrou que o movimento foi responsável pela criação de 100 milhões de vagas de emprego em todo o mundo, logo após a crise financeira global em 2008.
A Aliança Cooperativa Internacional (ACI), órgão que representa as cooperativas no mundo todo, também celebra a adoção da resolução e incentiva todas as partes interessadas na promoção e avanço das cooperativas a implementá-las. “O Brasil, com sua diversidade econômica e social, apresenta um terreno fértil para o desenvolvimento e crescimento do movimento cooperativista, refletindo não apenas na economia, mas também na inclusão social e no desenvolvimento sustentável das comunidades”, ressalta Ariel Guarco, presidente da entidade.
Ariel Guarco explica ainda que as cooperativas brasileiras respondem às necessidades locais e contribuem para a economia do país de maneira robusta e sustentável. “O cooperativismo no Brasil é um modelo de sucesso que demonstra como a colaboração e a união de esforços podem gerar resultados significativos, promovendo a geração de renda, a distribuição de riquezas de forma mais equitativa e o fortalecimento das relações comunitárias,” disse.
O Dia Internacional do Cooperativismo 2024 (#CoopsDay) vai trazer um tema inspirador: Cooperativas constroem um futuro melhor para todos. Essa escolha reafirma o papel das cooperativas na construção de um amanhã mais sustentável, com destaque para o compromisso em alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. Também está alinhado com os objetivos da próxima Cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o futuro, que busca soluções colaborativas para um mundo melhor. O #CoopsDay será celebrado em 6 de julho, como acontece anualmente, no primeiro sábado do mês.
Ao adotar práticas de desenvolvimento inclusivo e sustentável, as cooperativas se tornam agentes ativos na preservação do meio ambiente e aliadas na luta contra as mudanças climáticas. Por meio de uma governança democrática, elas promovem a integração de pessoas de diferentes origens, promovendo a compreensão e o respeito mútuo.
O relatório do Secretário-Geral da ONU de 2023 sobre Cooperativas no Desenvolvimento Social reconheceu o histórico das cooperativas na promoção do desenvolvimento econômico e social, inclusive para grupos marginalizados. Segundo o documento, elas demonstram resiliência em tempos de crises sociais e econômicas, sendo vistas como parceiras fundamentais na promoção do desenvolvimento sustentável.
A celebração do #CoopsDay 2024 também marca o 30º Dia Internacional das Cooperativas reconhecido pelas Nações Unidas e o 102º Dia Internacional Cooperativo. Nessa data, formuladores de políticas públicas, organizações da sociedade civil e o público em geral podem compreender melhor a contribuição das cooperativas para um futuro mais justo e sustentável para todos.
O cooperativismo brasileiro se mantém engajado em valores como o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar, os princípios ESG (ambientais, sociais e de governança), a inclusão financeira e a construção de um futuro melhor para todos. As celebrações do #CoopsDay e do Ano Internacional das Cooperativas em 2025, proclamado pela ONU, reforçam o compromisso das cooperativas brasileiras com o bem-estar da sociedade e do planeta.